No alvo
Confira a coluna de domingo (06)
A reportagem da Revista Piauí, retratando o mau uso do dinheiro arrecadado pela CBF e um pouco dos enlaces políticos e jurídicos que sustentam o poder, descobre o balaio de gato da entidade na gestão Ednaldo Rodrigues. E com base nos fatos ali narrados pelo repórter Allan de Abreu a gente começa a entender como um dirigente tão inexpressivo, sob o ponto de vista executivo, e sem relevância no contexto esportivo, chegou ao poder máximo do futebol brasileiro.
Pior: foi reeleito há dias (por aclamação!) para mais quatro anos de mandato.
As benesses oferecidas a presidentes das federações, com remunerações mensais de R$ 215 mil e pagamento de despesas pessoais; as parcerias comerciais firmadas com aliados do poder supremo; e os altos contratos com escritórios de advocacia me dão a certeza de que, grosso modo, o futebol brasileiro seguirá na mesma toada até 2030.
Nada mudará, a menos que os clubes consigam se unir numa só Liga e, com coragem e altruísmo, tomem a organização do Campeonato Brasileiro. É utópico, eu sei, e ainda assim levaria tempo. Mas…
Descaso
A forma como Ednaldo torra os R$ 1,2 bilhão que a CBF fatura anualmente e os meios que utiliza para se manter no poder, talvez nem incomodassem tanto se ele, ao menos, investisse em melhorias no futebol brasileiro. Mas, não. A reportagem conta o descaso com o qual Ednaldo tratou o projeto do então diretor da comissão de arbitragem, Wilson Luiz Seneme, ex-diretor da comissão de arbitragem, para construção de moderno centro de treinamento e uma escola para uniformização técnica de árbitros.
O presidente até os aprovou, mas depois começou a esvaziar as iniciativas do diretor, que passou a aferir as condições dos árbitros da Série A a cada 15 dias, num clube privado no Rio de Janeiro. Em agosto de 2024, Ednaldo suspendeu a ação e sugeriu o trabalho por videoconferência. Demais, não?
Ainda mais para uma entidade que gasta milhões nas relações com o poder, tendo problemas técnicos a tratar. Não à toa, mais de 110 árbitros foram afastados em 2024.
A reportagem lembra que Seneme foi demitido em fevereiro. E que tanto o centro de treinamento quanto a escola de arbitragem nunca saíram do papel. Ou seja, dinheiro para custear a farra do poder não falta — mas, para investir na melhoria e no avanço do nível da arbitragem, aí sim, falta. É o fim.
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