Fritura baiana
Confira a coluna desta sexta-feira (28)
Já circulava entre os jogadores da Seleção Brasileira, na semana de preparação para o confronto com a Colômbia, em Brasília, a versão de que Ednaldo Rodrigues, o presidente da CBF, voltara a consultar Carlo Ancelotti, técnico do Real Madrid, sobre o interesse de ele dirigir o “escrete canarinho” na próxima Copa do Mundo. O treinador italiano, tal como fizera no ano passado, não disse que não, nem que sim.
O tema chegou ao conhecimento dos jogadores do clube espanhol e, evidentemente, aos ouvidos de Dorival Júnior.
Isso explicaria o abatimento do treinador nas entrevistas dessa última data Fifa. Dorival percebeu que o afastamento do presidente da CBF, antes presença assídua nas atividades do dia a dia, não fora apenas por questões ligadas à reeleição dele na administração da entidade.
As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar e é impossível não imaginar que a fritura o tenha influenciado na montagem do time que enfrentou a Argentina – desconectado e sem os cuidados defensivos que as circunstâncias exigiam.
Não era a intenção do baiano Ednaldo Rodrigues demitir o treinador antes da próxima data Fifa, em junho, mas o vazamento das novas tratativas com Ancelotti o obrigou a convocar o técnico e o diretor Rodrigo Caetano para uma conversa.
Responsável direto pelo mal planejado ciclo, o presidente da CBF tem a intenção de demiti-los na reunião de hoje à tarde, assumindo o risco de ter de optar por mais uma saída emergencial para os jogos com Equador, em Quito, e Paraguai, no Brasil, ainda sem local definido.
A arte do improviso
É curioso que desde a Copa de 58, na Suécia, a Seleção Brasileira seja a única entre as campeãs a ter um técnico nomeado a menos de dois anos do Mundial. Vicente Feola e Aymoré Moreira tomaram posse já a caminho da Suécia e do Chile, respectivamente.
Em 1970, Zagallo assumiu em março, ainda que em 1968 ele tenha dirigido o time em três confrontos.
E, em 2001, Felipão fez seu primeiro jogo em julho, a menos de um ano para a Copa do Mundo Japão e da Coreia do Sul. Algo inimaginável nos dias de hoje.
Nas últimas cinco Copas, o tempo mínimo de trabalho dos técnicos campeões foi de três anos. Casos, de Scaloni com a Argentina, em 2022; de Vicente del Bosque com a Espanha em 2010; e de Marcelo Lippi com a Itália, em 2006.
Joachim Low tinha nove anos na direção da Alemanha em 2014, e Didier Deschamps sete com a França, em 2018. A conferir.
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