Fora do tom
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (05)
A chegada de Felipe Loureiro, o “Maestro”, ao comando do futebol do Vasco embaralha um pouco as cartas nessa gestão híbrida que o clube passou a ter após a liminar que quebrou o contrato com a 777 Partners. O CEO Lucio Barbosa segue na direção da SAF, mas passou a ter funções meramente administrativas. Os rumos do futebol serão decididos pelo presidente Pedro Paulo, com a ajuda agora de seu parceiro de vida, que o acompanha desde o futebol de salão, no início dos anos 90. Vejamos.
Em princípio, a ideia de dar ao futebol do clube um pouco mais de “vascainismo” vai de encontro às expectativas dos torcedores.
A ideia de gestão implantada pelos americanos, com silêncio em torno das ações do comando, somado ao distanciamento natural do elenco já imposto por treinarem no CT Moacir Barbosa, afastou clube e torcida de forma a dar no que deu no 6 a 1 para o Flamengo: um time sem alma e a menor noção sobre um confronto de rivalidade centenária.
A ideia, como já disse, é ótima. A questão é discutir se Felipe tem a capacidade que a função exige. A experiência como treinador não é das mais elogiáveis, em que pese o conceito de jogo vanguardista.
Mas não é isso que deve ser posto à mesa. Qual será o papel dele na estrutura? Sua função e sua meta? Sua relação, tanto com o executivo Pedro Martins, trazido do Cruzeiro, com o técnico Álvaro Pacheco, que está com cabeça a prêmio após a desastrosa estreia.
O clima de otimismo que parecia haver após a primeira visita do presidente ao CT do clube antes do treino na antevéspera do jogo contra o maior rival foi totalmente desfeito.
A postura frágil, sem alma, desorganizada de um time montado com o gasto de mais de R$ 300 milhões expôs o vazio de sentimentos que hoje é o Vasco, dividido entre uma diretoria que tomou o poder na marra e uma estrutura erguida por americanos que não entendem de futebol. Pior: entregue a profissionais sem experiência, ineptos e medrosos.
O Vasco, na sétima rodada do Brasileiro, desorganizado e sem perspectivas de receitas capazes de sustentar a estrutura montada nos últimos 18 meses, já é forte candidato a mais uma queda à Série B.
O presidente Pedro Paulo e os aliados políticos que fizeram o plano de retomada do poder precisarão agora de bom plano estratégico para evitar a tragédia. E não me parece que a simples chegada do “maestro” seja suficiente para afinar a orquestra.