Canetada histórica
Coluna foi publicada no domingo (27)
A decisão da CBF de Ednaldo Rodrigues em reconhecer e homologar como título do Campeonato Brasileiro a conquista do Atlético/MG em 1937, num torneio realizado pela Federação Brasileira de Futebol (FBF), é de fato aberração das mais vergonhosas. Principalmente, por ter sido um torneio realizado por uma entidade não reconhecida pela Confederação Brasileira de Futebol (CBD), a entidade máxima do país, à época.
É legítimo o pedido dos atleticanos pelo reconhecimento de um título, mas dar a chancela de campeão brasileiro a conquistas tidas como nacionais da era pré-71 é desmerecer a própria história da competição.
O presidente da CBF repete, aliás, o banido Ricardo Teixeira, que em 2010 homologou títulos da Taça Brasil e Torneio Roberto Gomes Pedrosa jogados entre 1959 e 1970.
O tal “Torneio dos Campeões” organizado em 1937 pela FBF pregava o profissionalismo da época, contrariando os ideais amadores da extinta CBD (hoje CBF), que só legitimava os títulos conferidos por entidades filiadas.
Discussão
A discussão hoje é considerada absurda, mas justificou, por exemplo, a ausência de jogadores de clubes dissidentes no Sul-Americano de 37, ganho pela Argentina
Algo que remete à discussão da própria CBF com o Flamengo sobre o título da Copa União de 87. Afinal, o torneio promovido pela FBF reuniu dois campeões estaduais, apontados por ligas também não reconhecidas pela CBD: o Fluminense, vencedor em 36 da Liga Carioca; e a Portuguesa, campeã paulista da APEA, Associação de Esportes Atléticos. O Rio Branco sequer havia sido campeão capixaba de 1936.
Isso sem levar em consideração o fato de ter havido uma fase classificatória disputada entre o Alliança, campeão da campista, e a Liga da Marinha, que disputava o campeonato das Forças Armadas, time comandado pelo húngaro Nicolas Ladanyl, campeão carioca pelo Botafogo nas edições de 1930 e 32.
Os militares venceram, mas depois perderam para o time capixaba.
Intenção
Não sei ao certo qual foi a intenção do presidente da CBF de Ednaldo Rodrigues ao emporcalhar a história do Campeonato Brasileiro.
Mas ele sabe! E sabe muito bem que, de novo, não saiu bem na foto. Apesar do esforço em agradar a sociedade mineira, acho pouco provável que tal fato esteja sendo festejado por quem se acostumou a festejar conquistas épicas.