Águas de março
Coluna foi publicada no domingo (03)
Em linhas gerais, os jogos deste domingo (03) definem o adversário do Nova Iguaçu numa das semifinais do Estadual. Ou, em outra ótica, quem evitará o confronto com o Flamengo, campeão da Taça GB, o melhor time da competição. Mas não há como reservar para este confronto entre Fluminense e Botafogo, no Maracanã, um olhar diferente, mais abrangente do que sugere o último clássico da fase classificatória do torneio carioca.
É evidente que para os alvinegros o jogo tem caráter decisivo no âmbito Estadual. Mas como o time depende de um tropeço do Vasco diante da Portuguesa, em São Januário, vale também olhar para as metas mais ousadas.
A goleada de 6 a 0 sobre o Aurora, da Bolívia, pela Libertadores, fez o torcedor sonhar novamente e há leveza no ambiente. A confiança deu o ar da graça e o triunfo num clássico tem poder revigorante.
Uma vitória sobre o campeão da Recopa no “jogo das faixas” seria então algo animador para o time que na quarta (06) fará no Nilton Santos o primeiro duelo com o Bragantino na disputa por vaga na fase de grupos do principal torneio do continente.
E seria a terceira vitória seguida do time, sequência que não ocorre desde julho de 2023. Coincidentemente, no último jogo sob o comando do interino Cláudio Caçapa.
É possível que os tricolores não deem ao confronto semelhante relevância. Mas ainda que o vitorioso Fernando Diniz consiga mobilizar os jogadores em torno das vantagens da classificação em segundo lugar no G-4 que decidirá o Estadual, é plenamente compreensível que o desgaste do embate com a LDU, na noite da última quinta-feira (29) favoreça as pretensões alvinegras. Ou seja: mais um gatilho para o trabalho de motivação botafoguense.
Interino
Fábio Matias, o interino da vez, sabe que não precisa fazer muito para devolver ao sistema criado pelo português Luís Castro, ainda em 2022, o estilo competitivo que o fez líder do Brasileiro no primeiro semestre de 2023.
O time tem as carências normais de um grupo em fase de consolidação, mas há lastro para retomada porque as principais peças ofensivas são de boa qualidade. Insisto: o Botafogo não fez o que fez por acaso.
Portanto, não questiono o olhar desconfiado dos alvinegros que preferem atribuir a vitória da última quarta (28) à fragilidade boliviana. Mas guardo comigo a sensação de que o Botafogo está cada vez mais próximo de sua vital regeneração. Vejamos o que as águas de março nos reserva.