Aberrações FC
No sábado, São Januário foi aberto para o Bangu enfrentar o Fluminense. No domingo, o Vasco fez o clássico com o Botafogo.
Hoje, os donos da casa recebem o Macaé. Não fosse a proibição da prefeitura, o antigo estádio seria aberto amanhã para mais duas partidas: Porto Velho/RO e Ferroviário/CE, à tarde, pela primeira fase da Copa do Brasil, e Ponte Preta e Santos, à noite, jogo válido pela quinta rodada do Paulistão.
Cinco confrontos em seis dias a castigar um gramado que está longe de ser o ideal.
É só uma das aberrações vistas nos últimos dias, de norte a sul do país, com dirigentes de clubes, federações e CBF exibindo falta de capacidade intelectual e humanitária para fazer rodar a carruagem do futebol sem arranhar as instituições.
Da tentativa irresponsável dos cartolas paulistas de driblar medidas restritivas jogando fora dos limites do estado ao vídeo da reunião entre o presidente da CBF Rogério Caboclo e presidentes de clubes.
Tudo de forma tosca, sem sentido e fundamentado no “primeiro eu”.
Várzea
Não sei ao certo qual foi a intenção de quem liberou as imagens do encontro virtual, realizado no dia 10 deste mês. Mas fiquei convencido de que o conteúdo vazado mostrou a várzea que é o futebol brasileiro.
A decisão de fazer cumprir o calendário, como no ano passado, sem discutir alterações nas fórmulas de disputa ou propor medidas extraordinárias para encarar as novas ondas da Covid-19, mostra que a preocupação da entidade não é com o esporte. Tampouco com seus valores.
Vendo e ouvindo os termos utilizados pelo presidente da CBF, e a forma como o “chefe de estado da pátria futebol” se pôs a falar num pronunciamento com plateia escolhida a dedo, imagino o nível dos debates a portas fechadas na luxuosa sede na Barra da Tijuca.
Porque para eles tudo é dinheiro. Não há espaço para repensar os modelos e redimensionar a estrutura se tal ousadia significar perda de receita e, em última análise, lucro. Nada disso.
A margem está definida e não haverá pandemia que a altere.
E é essa gente, que até pouco tempo se encontrava para falar da abertura das bilheterias e arquibancadas, vem mostrar números, na maior cara-de-pau, atestando que o futebol brasileiro prestou serviço para as autoridades sanitárias.
O futebol brasileiro precisa, urgentemente, repensar o papel que fez neste novo século. Dentro e fora de campo...