Tragédia ambiental, verdades, mitos e um rio de dinheiro no meio
Coluna foi publicada no domingo (05)
O cabo de guerra travado entre mineradoras e autoridades, por reparações da tragédia ambiental de Mariana (MG), ocorrida no Rio Doce há exatos oito anos, segue sem desfecho à vista. Caminhava para um acordo, em 5 de dezembro próximo, envolvendo R$ 70 bilhões, dos quais seriam R$ 7 bi para nove municípios capixabas e 43 mineiros situados nas áreas de impacto. Porém, dias atrás a Justiça Federal deu parece favorável à Vale, que não reconhece cinco dos nove municípios capixabas relacionados, apenas os quatro banhados pelo rio: Baixo Guandu, Marilândia, Linhares e Colatina. O governo estadual vai recorrer. Enquanto isso, na cúpula da Vale, a expectativa é que um possível acordo deve ficar para o 1º semestre de 2024.
R$ 32,6 bi por conta
A Fundação Renova, que representa as mineradoras envolvidas, informa que “até agosto último foram repassados, no ES e MG, R$ 32,6 bilhões”. Esse valor decorre de indenizações, auxílio financeiro emergencial, projetos ambientais – saneamento e recuperação de nascentes –, construção de 719 casas e reparação de áreas degradadas. “Do montante, R$ 22,4 milhões foram gastos em saneamento nos municípios capixabas atingidos”. A Renova garante que a qualidade da água do Rio Doce “voltou ao parâmetro anterior ao da ocorrência”. Há controvérsia.
Pra inglês ver
Já o processo de reparações na Justiça inglesa decorre de uma ação com 700 mil assinaturas. É movido em razão de uma das sócias da Vale, a BHP Billiton, ser anglo-saxônica. Fala-se em reparação na casa dos R$ 200 bilhões. A alegação é que as reparações feitas no Brasil seriam “insuficientes”. Quando há muito dinheiro em jogo, não faltam verdades e mitos.
Visita à fantástica fábrica de chocolates
As visitas ao interior da fábrica de chocolates Garoto, em Vila Velha, um dos programas preferidos por turistas no Espírito Santo, devem retornar até janeiro de 2024. Foram suspensas para adequações e melhor acessibilidade, e hoje estão restritas ao museu e lojinha de vendas. Nas pesquisas de fluxo turístico, visitar a fábrica chegou a ocupar o 2º lugar na preferência, superada apenas pelo Convento da Penha.
Realidade e lenda
Um dos locais mais atingidos por resíduos da barragem é Regência (Linhares), foz do Rio Doce. Lá tem muitas histórias a respeito. Fala-se do “pescador que nunca pescou, mas com dinheiro da Renova comprou um carro moderno”. Ou do vendedor de picolé, em Baixo Guandu, que teria embolsado R$ 70 mil de indenização. Gastou tudo em farra e voltou a vender picolé.
Fronteira turística
O mercado turístico capixaba tem uma nova aposta em Guarapari. Nada a ver com as decantadas praias, mas com as cachoeiras e natureza de Buenos Aires, nas montanhas do município. Contudo, o local ainda carece de melhor estrutura hoteleira e sinalização.
Fronteira agrícola
A produção de soja e trigo no Norte capixaba – há plantios em Pinheiros – pode chamar atenção pelo inusitado, mas são culturas que demandam extensas áreas e forte mecanização. Daí os especialistas do agro consideram que o melhor, na região, é incentivar o café, pimenta-do-reino, gengibre e outras culturas que geram renda para mais pessoas. Faz sentido.
Opinião de peso
Do escritor José Eduardo Agualusa sobre impactos causados pela internet: “Um dos efeitos secundários mais perniciosos do triunfo da internet e das redes sociais foi a decadência da imprensa tradicional e a idiotização das massas – com a sequente idiotização da vida política”.
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