Empresa faz pressão por terreno para construir refinaria no Estado
O grupo carioca Noxis Energy cobra, pelo menos duas vezes por semana, uma posição da Prefeitura de Aracruz sobre a área prometida para a instalação de uma refinaria de petróleo no município.
A gestão tinha a intenção de ceder o terreno onde seria construída a fábrica de papel da Carta Fabril, projeto de meio bilhão de reais que acabou não decolando, por desistência da empresa.
O problema é que a área fica muito perto das operações da Suzano, o que deixa a indústria de celulose com receio de alguma contaminação. Desta forma, a prefeitura propôs que a Suzano cedesse uma de suas propriedades e, em troca, recebesse o espaço que seria doado à Noxis Energy.
O secretário de Desenvolvimento de Aracruz, Guerino Balestrassi, reforçou que a proposta foi encaminhada à diretoria da indústria de celulose, mas ainda não houve um retorno. O assunto é tratado, pelo menos, desde outubro do ano passado.
“A negociação está emperrada. Estamos evitando briga com a Suzano, mas, se não houver uma resposta, vamos ceder a área que era para a Carta Fabril, pois não podemos correr o risco de perder um empreendimento da magnitude dessa refinaria”, afirmou Balestrassi.
A Noxis tem planos de construir três refinarias no Brasil, primeiro em Sergipe, depois no Espírito Santo e no Maranhão. O negócio surgiu como uma possibilidade, revelada com exclusividade pelo Blog ECONOMIA ES em maio de 2019, mas vem se aproximando de ser concretizado.
Reportagem do jornal Valor Econômico desta terça-feira (11/02) informa que a Noxis recebeu licença ambiental prévia para o projeto da refinaria em Sergipe, seu primeiro investimento. O investimento é de US$ 700 milhões (em torno de R$ 3 bi).
A reportagem diz que a companhia está em negociação com fundos de investimentos para aportar recursos no projeto, em troca de participação na sociedade, além de dialogar com três grupos de engenharia brasileiros para construir a unidade, comprar e montar os equipamentos.
Diz ainda que a empresa dialoga com a multinacional Fluor para desenvolver o projeto e a construção dos módulos.
ARACRUZ
O projeto para Aracruz tem investimento previsto superior a R$ 2 bilhões, com a criação de mil empregos nos três anos de obra e outros 120 diretos e 500 indiretos na operação.
A prioridade nas contratações para trabalhar na refinaria, já colocada pela Noxis, serão os moradores do município. Também haverá qualificação dos profissionais, com cursos gratuitos oferecidos aos futuros empregados.
A Noxis negocia com a Petrobras e o governo do Estado para utilizar o posto da Transpetro e a ligação da ferrovia Vitória a Minas até Portocel, o porto da Suzano (ex-Fibria).
A meta de construir refinarias não é à toa: a Noxis projeta que a demanda brasileira por diesel e gasolina crescerá 2% até 2032, quando os déficits desses combustíveis no país serão de 225 mil barris por dia 251 mil barris por dia, respectivamente.
O QUE SERÁ PRODUZIDO
A maior parte da produção da Noxis (35% a 40% do total) é planejada para ser de óleo bunker (usado também como combustível para navios), seguida de diesel (de 30% a 35%) e gasolina (de 20% a 25%).