Remédios não matam vírus
Podemos afirmar que os vírus não podem ser mortos; afinal, só morre quem está vivo.
Dr. João Evangelista
“Decifra-me ou te devoro”, advertia o novo coronavírus no início da pandemia. Sem vacina, tentou-se de tudo para exterminar esse “alienígena”. Entretanto, por se tratar de um vírus, nada funcionou.
Existe um impasse quanto à classificação dos vírus como seres vivos ou não, já que esses agentes infecciosos não apresentam organização celular e só exibem atividade metabólica quando estão no interior de células hospedeiras, mostrando-se inertes em seu exterior.
Assim, esses piratas celulares podem ser considerados apenas como partículas moleculares contendo ácido nucleico. Baseado nessas argumentação, podemos afirmar que os vírus não podem ser mortos; afinal, só morre quem está vivo.
Ao contrário dos vírus, as bactérias, protozoários e fungos não dependem do mecanismo celular do hospedeiro para sua multiplicação, de maneira que os processos conhecidos desses organismos representam alvos fáceis para o desenvolvimento de fármacos.
Como os vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, os antivirais devem ser capazes de inibir seletivamente as funções virais, sem lesar o hospedeiro, tornando o desenvolvimento de tais drogas bastante difícil.
Outro obstáculo é que vários ciclos de replicação viral ocorrem durante o período de incubação, e o vírus dissemina-se antes de surgirem os sintomas, tornando o tratamento farmacológico quase sempre ineficaz.
A identificação de funções específicas dos vírus que podem atuar como alvos para a terapia antiviral vem ganhando luz com estudos de virologia molecular.
Os estágios mais específicos como alvos nas infecções virais são a fixação do vírus à célula hospedeira, o desnudamento do genoma viral, a síntese de ácido nucleico viral, a tradução de proteínas virais e a organização e liberação de partículas virais da progênie.
Tem sido desafiador desenvolver novos antivirais que possam distinguir os processos replicativos virais dos métodos das células hospedeiras.
Todavia, já foram desenvolvidos medicamentos promissores, principalmente para infecções crônicas, como HIV, Hepatite B e C, por exemplo.
Os mecanismos de ação variam entre os antivirais, podendo ter como alvo as atividades enzimáticas das proteínas virais ou bloquear a interação entre vírus e hospedeiro.
Nessa situação, a droga deve ser ativada por enzimas na célula antes de poder atuar como inibidor da replicação viral.
Além disso, são necessárias pesquisas futuras para compreender como minimizar o aparecimento de vírus resistentes aos fármacos e reduzir sua toxicidade.
A maioria dos medicamentos disponíveis atualmente consiste em drogas que inibem a replicação de enzimas essenciais necessárias à replicação do ácido nucleico viral, como os inibidores das proteases, transcriptase reversa e integrasse.
Em função da conhecida dificuldade para se combater processos virais, a vacina continua sendo a mais importante ferramenta de prevenção, além de mostrar-se segura e ter um custo menor.
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