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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

Quando corpo sente medo da mente

Coluna foi publicada nesta terça-feira (09)

Dr. João Evangelista | 09/07/2024, 11:00 11:00 h | Atualizado em 09/07/2024, 11:00

Imagem ilustrativa da imagem Quando corpo sente medo da mente
Neurotransmissores presentes no cérebro são professorem que ensinam, assustam e divertem o corpo |  Foto: Canva / Divulgação

Dopamina produz prazer, serotonina estimula cognição e adrenalina gera ansiedade. Vamos exemplificar, de maneira superficial, como esses neurotransmissores nos fazem reagir, diante de algumas situações.

Durante um concurso ou exame escolar, o cérebro libera grande quantidade de serotonina, responsável pelo necessário raciocínio. Caso, nesse momento, a pessoa esteja nervosa, a adrenalina empurra a serotonina para fora, gerando o famoso “branco”, levando ao esquecimento de questões simples.

Quando amigos confraternizam num churrasco, seus cérebros estão inundados de dopamina, produzindo prazer. Se, por qualquer motivo, houver uma briga, a adrenalina substitui a dopamina, gerando constrangimento e desconforto.

Durante um assalto, a vítima deve reagir com cautela, utilizando a serotonina para encontrar uma saída. Caso o assaltado “perca a cabeça”, a adrenalina pode colocá-lo em sério perigo.

Cada situação estimula um determinado neurotransmissor, que busca harmonia entre o corpo e a mente. Adrenalina não causa bem-estar. Serotonina provoca pouco prazer. Dopamina não induz reflexão.

Sensações e sentimentos nos faz sentir que estamos vivos. Um corpo que estremece de medo, se arrepia de prazer, chora de angústia, ou busca sentido nas coisas, está repleto de realidade.

Ausência de sentimentos sinaliza um organismo morto, sem vida, encouraçado, sem interação com o mundo real.

Em contato com o corpo, aprendemos a ter uma noção correta dos nossos limites.

Qualquer sentimento de ameaça pode gerar medo, seja física, seja psicológica, seja moral. Algumas vezes, as pessoas dão outros nomes para essa sensação, como apreensão, preocupação, ansiedade ou angústia.

Nesse momento, a adrenalina, produzida na glândula adrenal, estimula a produção de insulina, que queima glicose, gerando energia para o indivíduo lutar ou fugir. Cabe ressaltar que o excesso dessa substância pode bloquear o raciocínio, entorpecendo o bom senso.

Por estimular prazer, a dopamina é sempre bem-vinda. Todavia, para proteger a pessoa de excessos, ela tem prazo de validade. Não existe alegria que dure sempre. Ao desejar mantê-la, o corpo se torna indolente e desprotegido. A bênção que se admira no espelho vira uma maldição. Felicidade é tempero, não alimento.

Entre tantas outras ações da serotonina, o raciocínio faz dela um nobre neurotransmissor.

Neste momento, enquanto labuto sobre o que vou escrever, meu cérebro ativa seus neurônios. Lubrificada pela serotonina, essa mensageira que transporta, estimula e equilibra sinais entre as células nervosas, minha mente costura pensamentos.

Essencial para funcionamento das funções cognitivas, como percepção, aprendizagem, memória, atenção e raciocínio, a serotonina, interagindo com a dopamina e a adrenalina, auxilia no humor, no sono, na libido, na ansiedade, no apetite, na temperatura corporal e no ritmo cardíaco.

Neurotransmissores são professores que ensinam, assustam e divertem o corpo.

Imagem ilustrativa da imagem Quando corpo sente medo da mente
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Arquivo/AT

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