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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

O paciente adrenalizado

Coluna foi publicada nesta terça-feira (30)

Dr. João Evangelista | 30/07/2024, 10:51 10:51 h | Atualizado em 30/07/2024, 10:51

Imagem ilustrativa da imagem O paciente adrenalizado
Adrenalina, também conhecida como epinefrina, é produzida naturalmente pelo corpo e liberada na corrente sanguínea |  Foto: © Divulgação/Canva

Adrenalina, também conhecida como epinefrina, é um hormônio liberado na corrente sanguínea, que tem a função de atuar sobre o sistema cardiovascular e manter o corpo em alerta para situações de fortes emoções ou estresse, como luta, fuga, excitação ou medo.

Essa substância é produzida pelas glândulas suprarrenais, ou adrenais, localizadas acima dos rins, que produzem também outros hormônios, como cortisol, aldosterona, androgênios, noradrenalina e dopamina, muito importantes para o metabolismo do organismo e composição da circulação sanguínea.

Existem enfermidades que liberam adrenalina de maneira patológica, tais como os feocromocitomas, tumores compostos de células que sintetizam e disponibilizam catecolaminas. Os portadores dessas neoplasias apresentam sintomas clássicos como hipertensão arterial, cefaleia, sudorese e taquicardia, decorrentes da excreção de catecolaminas.

Do ponto de vista fisiológico, a adrenalina é importante à homeostase, estimulando o corpo, para que consiga reagir de forma rápida às situações de perigo.

Diante de algo que possa colocar em risco a integridade do organismo, a glândula suprarrenal libera adrenalina, estimulando a produção de insulina, queimando glicose, que gera a energia utilizada no mecanismo de luta ou fuga. Como resultado dessa necessária atividade metabólica, o fluxo sanguíneo aumenta, a respiração amplifica, o coração acelera e o cérebro entra em estado de alerta.

Além do medo de algo, preparando o corpo para situações de perigo, a adrenalina também é liberada durante a prática de esportes, realização de provas ou entrevistas, momentos de fortes emoções, como excitação, ansiedade e raiva ou quando há diminuição do açúcar no sangue, para estimular a transformação de gorduras e glicogênio em glicose.

Todavia, o indivíduo constantemente estressado vive com altos níveis de adrenalina, mantendo seu organismo sempre em estado de alerta. Essa ativação contínua dos mecanismos de reação do corpo faz com que haja um maior risco do desenvolvimento de pressão alta, arritmias cardíacas, doenças cardiovasculares, além da maior chance de se adquirir doenças imunológicas, endócrinas, neurológicas e psiquiátricas.

A adrenalina também pode interferir nos níveis de outros neurotransmissores no sistema nervoso central, como a serotonina e a dopamina, que são importantes para regular o raciocínio e o humor. A liberação excessiva de adrenalina pode interferir nesses sistemas, levando a desequilíbrios químicos no cérebro, aumentando a vulnerabilidade para transtornos crônicos de ansiedade.

O coração embriagado de emoção pode causar sérios transtornos à razão. O instinto tanto pode iluminar como pode turvar o raciocínio.

Enquanto a dopamina se lambuza de prazer, a adrenalina veste a armadura da defesa e a serotonina ensina a consciência sobre os seus limites e as suas fraquezas.

A adrenalina quer lutar. A serotonina quer pensar. Resta ao corpo, sorrir ou chorar.

Imagem ilustrativa da imagem O paciente adrenalizado
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Arquivo/AT

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