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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

O aumento de erros diagnósticos em medicina

Reconhecer os erros médicos é essencial para evitar repetições, promover segurança e humanizar ainda mais o exercício da medicina

João Evangelista Teixeira Lima, do Jornal A Tribuna | 08/07/2025, 12:23 h | Atualizado em 08/07/2025, 12:23

Imagem ilustrativa da imagem O aumento de erros diagnósticos em medicina
João Evangelista Teixeira Lima é gastroenterologista e clínico geral. |  Foto: Arquivo/AT

Médicos são seres humanos. Por esse motivo, estão sujeitos a falhas. Errar é humano, mas quando a borracha se gasta mais do que o lápis, alguém está positivamente exagerando.

Erros dentro do universo médico estão cada vez mais frequentes. Não adianta negar essa realidade. Justificar um erro é errar outra vez.

Médicos podem errar por negligência, imprudência ou imperícia. Esses delitos podem ser causados por diversos fatores, desde falta de conhecimento até falhas de comunicação e organização.

Negligência resulta da falta de atenção e cuidado com o paciente. Imperícia surge quando o médico não é totalmente capacitado para realizar o tratamento que gerou o erro. Imprudência é quando o profissional escolhe, precipitadamente, procedimento não indicado e não comprovado.

O equívoco diagnóstico pode ser considerado um erro médico.

Comecei a exercer medicina, errando o diagnóstico de um paciente muito especial, ou seja, eu mesmo!

Em dezembro de 1978, véspera da minha formatura em medicina, amanheci com febre, manchas vermelhas na pele e inflamação dos gânglios linfáticos, especialmente atrás das orelhas, na parte de trás da cabeça e no pescoço.

Vasculhei meus conhecimentos, passando por alergias, micoses, catapora, dengue, sarampo, lúpus eritematoso, rosácea, psoríase, rubéola, entre outras patologias sobre as quais eu tanto havia estudado, constatando que não precisaria me preocupar. Deixei o tempo se encarregar da cura.

Tratava-se de um quadro de escabiose, que, por ser tão simples, passou despercebido pelo sofisticado acervo acadêmico do meu cérebro.

Por que não pensei em marcar logo uma consulta com algum outro médico? Por que esqueci de cuidar de mim como eu cuidaria de qualquer paciente? Como dizia William Osler: “O médico que trata a si mesmo tem um tolo como paciente”.

Ao falhar em atender ao meu chamado biológico, agindo com desatenção, creio que pequei por negligência comigo mesmo.

Há várias causas de erros diagnósticos, em medicina. Algumas delas são conhecidas, como os erros sem culpa, ocorrendo em pacientes que não têm qualquer sintoma, ou quando sua apresentação é muito atípica e não permite o diagnóstico a tempo.

Existem também os erros de sistema, relacionados à organização ou serviço onde o paciente está sendo atendido.

Erros cognitivos são frequentes, surgindo diante das falhas ou limitações dos processos de raciocínio do profissional médico.

Em virtude do avanço da medicina, prevalece a ilusão de que médicos não podem errar. Talvez, por isso, ninguém fale sobre erros, a não ser para apontar dedos e sugerir culpados. Essas atitudes fazem dos erros diagnósticos um mal silencioso.

Uma cultura mais adequada seria a que estimulasse o comportamento oposto, ou seja, ao ocorrer um erro, esse evento deveria ser abertamente discutido entre os envolvidos, na tentativa de identificar as causas e criar ações preventivas.

O maior erro na vida é o de viver com medo de errar.

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