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Doutor João Responde

Doutor João Responde

Colunista

Dr. João Evangelista

Meu indispensável estetoscópio

Jornal A Tribuna | 04/01/2022, 09:53 09:53 h | Atualizado em 04/01/2022, 09:54

A arte médica antiga contava mais com o raciocínio que a científica medicina moderna. Não dispondo do auxílio da tecnologia, o profissional da saúde prestava mais atenção no doente.

Sem dúvida, ultrassons, tomografias e ressonâncias são imperiosos instrumentos de ajuda diagnóstica. Entretanto, a anamnese seguida de inspeção, ausculta, palpação e percussão moldam o raciocínio clínico do médico.

Coletando uma história minuciosa e examinando atentamente o paciente, os antigos mestres da observação demonstravam um alto nível da medicina.

Ciência que estuda os sinais e sintomas, a semiologia é a base do exercício da medicina clínica.

Médicos antigos não tinham equipamentos próprios para verificar alguns sinais vitais como os batimentos cardíacos, os sons pulmonares, ou medir a pressão arterial. Nessa época, usava-se apenas o ouvido contra o corpo da pessoa para auscultar os sons.

Um dos maiores símbolos do exame médico é um objeto conhecido como estetoscópio. Embora tenha revolucionado a medicina com o seu surgimento, ele costuma ser deixado de lado por alguns médicos.

Entretanto, mesmo com a superespecialização e métodos cada vez mais sofisticados e tecnológicos de diagnóstico, o estetoscópio permanece como peça chave no exame clínico e também como parte da aproximação médico-paciente.

Grandes invenções não necessitam ser complexas, basta terem utilidade. O proveito de algo atesta seu valor. 

Denotando instintiva sabedoria, imaginação e criatividade diante do paciente, René Laennec inventou o estetoscópio.

A ausculta direta de encostar o ouvido no peito era desconfortável, tanto para o médico como para o paciente, e provocava uma repugnância que a tornava impraticável no hospital. 

Corria o ano de 1816, quando esse notável médico francês foi procurado por uma jovem senhora em trabalho de parto com sintomas de enfermidade cardíaca. A possibilidade de palpação e percussão cardíaca estava prejudicada pelo grau de obesidade. Observando que um som se amplifica quando transmitido através de um sólido, Laennec enrolou folhas de papel em forma de cilindro, encostou uma ponta no tórax da gestante, se inclinou e apoiou o ouvido na outra. Com isso, ele pôde perceber a ação do coração de uma maneira mais clara e distinta do que fora capaz até então pela ausculta direta.

Estava inventado o estetoscópio, o primeiro instrumento de diagnóstico clínico dentro de um consultório médico, com gasto mínimo de matéria prima, sem nenhum planejamento, sem nenhuma avaliação de custos. Foi uma improvisação artesanal que deu certo, porque a época trazia consigo a avidez do poder criativo.

Sons benfazejos e trágicos continuam sendo ouvidos através do estetoscópio. Ausculta-se desde os batimentos cardíacos de um feto, até os estertores de um moribundo afogando-se nos fluidos do próprio corpo.

Houve época em que aqueles que eram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.

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