Inflamação é um desejo de cura
Artigo da coluna Doutor João Responde, do Jornal A Tribuna
Quando o corpo é abraçado pela frieza da doença, o sistema imunológico responde com ardente inflamação. Trata-se de um processo caracterizado pela ativação de células de defesa, que saem do interior dos vasos sanguíneos, juntamente com o plasma do sangue, para iniciar o processo de reparação celular e tecidual.
Neste cenário, ocorre a produção de substâncias que aumentam a permeabilidade dos vasos sanguíneos nos locais de inflamação.
A partir disso, inicia-se um processo denominado quimiotaxia, no qual as células do sangue são atraídas para a região da lesão, para combater os agentes causadores da inflamação, buscando controlar também possíveis sangramentos.
Dor é o principal sintoma que leva o doente a buscar atendimento médico. Ela surge quando o edema se intensifica pela liberação de substâncias inflamatórias nos tecidos, ou quando existe alguma compressão nervosa.
Caso o organismo não consiga debelar o agente agressor, a inflamação pode se tornar descontrolada, causando disfunção orgânica.
Atividade inflamatória faz parte da resposta imune inata e, por isso, não é uma resposta específica, mas ocorre de maneira padronizada, independente do estímulo gerado.
O propósito da inflamação é eliminar a causa inicial da lesão, coordenar as reações do sistema imunológico, destruir as células lesadas e os tecidos danificados, para iniciar a reparação dos tecidos e restaurar sua função. A resposta inflamatória se divide em aguda e crônica.
A primeira tem início imediato e dura pouco tempo. Pode ser ocasionada por patógenos orgânicos, radiação ionizante, agentes químicos ou traumas mecânicos.
Os principais sinais da resposta inflamatória aguda estão relacionados à vasodilatação, gerando rubor e calor; aumento da permeabilidade vascular, provocando edema; aumento da pressão tissular, causando dor.
A resposta celular na inflamação aguda é mediada por neutrófilos, basófilos, mastócitos, eosinófilos, macrófagos, células dendríticas e epiteliais.
Os principais mediadores químicos envolvidos nela são bradicinina e prostaglandinas.
Aglomerados de células mortas e micro-organismos, em conjunto com fluidos acumulados e várias proteínas, forma o que é conhecido como pus.
Mas, uma vez que a causa da inflamação é removida, o processo inflamatório cessa, e algumas citocinas iniciam o processo de cicatrização.
Se o agente causador da inflamação aguda persistir, o quadro evolui para inflamação crônica. Este processo pode durar dias, meses ou anos.
A inflamação crônica é caracterizada pela ativação imune persistente, com presença dominante de macrófagos no tecido lesionado.
Os macrófagos liberam mediadores que, a longo prazo, tornam-se prejudiciais não só para o agente causador da inflamação, mas para o corpo.
Como consequência, a inflamação crônica é quase sempre acompanhada pela destruição de tecidos.
Lutando dentro desse incandescente campo de batalha, a natureza busca recuperar a sanidade do corpo.