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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

Gota já foi doença nobre

Coluna foi publicada nesta terça-feira (26)

Dr. João Evangelista | 26/09/2023, 10:05 10:05 h | Atualizado em 26/09/2023, 10:06

Imagem ilustrativa da imagem Gota já foi doença nobre
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Divulgação

“Então o senhor sofre de artrite?”, pergunta o profissional. “Não doutor, imagina! Eu desfruto de artrite, usufruo de artrite, gozo de artrite, beneficio-me de artrite... putz!”

Muitas vezes, o médico pode ser mais iatrogênico (causando complicações ou efeitos positivos) com suas palavras do que com suas prescrições.

Quando os cristais de ácido úrico inflamam as articulações, não se destrata a gota que maltrata. Diante de tanto sofrimento, o coração do paciente “sobe para a boca” e o cérebro “desce para os ossos”.

Conhecida desde a antiguidade, a hiperuricemia foi descrita por Hipócrates notando o processo inflamatório que surgia nas articulações do hálux na maioria dos doentes.

Gota passou a ser conhecida como a “doença dos reis”, devido à associação feita com o consumo de alimentos proteicos e álcool, pela nobreza, intelectuais e pessoas ricas da Idade Média.

O quadro patogênico está implicado na cristalização de monouratos de sódio em locais específicos, como articulações, tecidos subcutâneos e rins, devido ao aumento da sua concentração sérica no sangue, conhecida por hiperuricemia.

Nas últimas décadas, com o aumento da expectativa de vida, a prevalência da gota aumentou significativamente, tendo se tornado uma das doenças reumáticas mais prevalentes do mundo.

Hiperuricemia se manifesta como uma artrite, ou seja, inflamação das articulações. Revelando-se subitamente durante a noite, na maioria dos casos ela é precedida pela ingestão excessiva de álcool e alimentos ricos em purinas. Todavia, a crise também pode surgir de forma espontânea ou como consequência de outros fatores precipitantes, como traumatismos, situações de estresses, jejum, intervenções cirúrgicas, entre outros.

O quadro clínico se manifesta por meio de inflamação da articulação, na maioria das vezes aparecendo na base do primeiro dedo do pé, podendo também alcançar outras articulações dos membros, como tornozelos, joelhos, mãos, pulsos e cotovelos.

Habitualmente, a articulação afetada se torna vermelha, edemaciada e quente, provocando dor intensa, por vezes tão insuportável que acaba despertando o doente do seu sono, aumentando de intensidade ao mínimo atrito, tornando impossível apoiar o pé no chão. Além da dor, a gota também se evidencia por meio de sinais e sintomas gerais de mal-estar, cansaço e febre discreta.

Crises de gota são geralmente autolimitadas, melhorando ao fim de poucos dias, mesmo sem medicações. No entanto, com a evolução da doença, tendem a se tornar mais frequentes e prolongadas, podendo atingir várias articulações.

Longe vão os tempos em que a gota merecia a alcunha de “doença dos reis”. A história e a ciência ensinaram que não é preciso pertencer à nobreza e “refastelar-se” em um banquete regado com bons vinhos ou cervejas para acordar no dia seguinte com gritos de dor, perante o edema de um dedo do pé.

Sendo uma enfermidade crônica, o paciente guarda, na memória, suas repetidas crises de gota. Temendo novo sofrimento, ele sofre o temor de sofrer.

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