Febre é um sintoma benéfico
Dr. João Evangelista
Pirexia é uma manifestação frequente no ser humano e se caracteriza por uma elevação acima da média da temperatura corporal. A febre é tão comum que a maioria de nós nunca parou para pensar no seu real significado.
A temperatura do nosso corpo é controlada por uma região do cérebro chamada hipotálamo, que funciona como uma espécie de termostato. Em média, esse termostato fica ajustado para 36,5ºC, que é a temperatura ideal para o funcionamento do organismo.
O hipotálamo age de modo a evitar grandes variações na temperatura do corpo, produzido perda de calor quando está mais quente e aumentando a produção de calor quando está frio. Obviamente, o corpo tem um limite e se a temperatura ambiente estiver muito diferente da temperatura corporal precisaremos de ajuda artificial, como casacos ou ar-condicionado.
Quando somos invadidos por micróbios, como vírus e bactérias, nosso corpo ativa suas células de defesa para combater esses germes. Durante a batalha entre os glóbulos brancos e os invasores, os leucócitos produzem substâncias que levam à produção de prostaglandinas, mediadores inflamatórios que ajudam no combate às infecções.
Prostaglandinas são substâncias responsáveis pela presença de inflamação e dor. Quando alcançam o hipotálamo, elas fazem com este aumente a temperatura corporal. O hipotálamo sob o efeito das prostaglandinas passa a induzir o organismo a produzir calor.
O corpo gera calor através da contração muscular, dos calafrios, da constrição dos vasos sanguíneos da pele, da aceleração dos batimentos cardíacos, etc. Ele fará o que for preciso para gerar e preservar calor até chegar à temperatura desejada pelo hipotálamo.
A temperatura de 36,5ºC só é restabelecida quando há diminuição do estímulo das prostaglandinas. É por isso que os fármacos que inibem estas substâncias, como os anti-inflamatórios e antitérmicos, atuam sobre a febre. Tais medicamentos eliminam as prostaglandinas circulantes, suspendendo o estímulo que o hipotálamo estava recebendo para aumentar a temperatura do corpo.
Febre não é uma doença, é um mecanismo de resposta do organismo a alguma anomalia. Ela pode ser útil na resposta à infecção. Patógenos infeciosos humanos geralmente apresentam replicação ótima em temperaturas abaixo de 37 graus.
A febre aumenta a atividade antimicrobiana de inúmeros antibióticos. O conhecimento de que a febre é uma resposta fisiológica que auxilia o sistema imune a combater os microrganismos é desconhecido por muitos pacientes.
Outro dado importante é de que o uso de antitérmicos não reduz a incidência de convulsões associadas com febre.
É fundamental diferenciar as convulsões relacionadas com febre daquelas secundárias à infecção do sistema nervoso central, ou convulsões iniciadas por febre em pacientes pediátricos que apresentam epilepsia.
Febre de ação curta protege o paciente e não deve ser imediatamente debelada.
É na simplicidade que a vida esconde sua sofisticação.
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