Conhecimento tonifica o cérebro
Movido por pensamentos, comportamentos e emoções, o funcionamento cerebral continua sendo um dos maiores enigmas a ser desvendado pela ciência. Paradoxalmente, o maior desafio para essa máquina é ela mesma.
Será que o cérebro possui capacidade de compreender algo tão complexo quanto o seu próprio funcionamento?
Não existe um sistema mais sofisticado do que essa massa mole prudentemente protegida por um crânio duro.
O cérebro necessita de hierarquia e sequências lógicas. A cada nova informação, ele busca relações e conexões entre neurônios. Por isso, metáforas e analogias são tão eficazes.
O processo de aprendizado depende de aquisição, retenção e aplicação.
Aquisição consiste na captação da informação que pode ser nova ou já conhecida, como, por exemplo, o conteúdo de uma matéria para prova de um vestibular.
Na retenção, à medida que as informações adquiridas forem fortalecidas com exercícios e repetições, elas são compreendidas e levadas para a memória de longo prazo.
Esquecemos dois terços do que aprendemos num espaço de 24 horas, caso não seja feita uma revisão dos conteúdos. Isso ocorre quando dormimos, período em que a memória de curto prazo é esvaziada.
O cérebro entende que as informações que não foram exercitadas não são importantes e não as leva para a memória de longo prazo.
Aplicação é o uso do que aprendemos por meio do raciocínio. São as conexões que o cérebro faz para utilização de uma informação nova, com o que já foi aprendido.
O cérebro é capaz de processar informações recebidas, analisá-las com base em uma vida inteira de experiência, e apresentá-las para nós, em meio segundo. Nem o computador mais avançado é capaz de simular o processamento cerebral.
Dinâmico, o cérebro recebe, retém, armazena e acessa informações. Além disso, ele tem capacidade de efetuar diversas tarefas ao mesmo tempo.
Enquanto estou aqui, escrevendo este artigo, meu cérebro também está vigiando a dinâmica do meu corpo.
Substâncias que regulam as atividades cerebrais são rapidamente acionadas durante uma narrativa, por exemplo.
Quando consigo que o assunto desperte empatia por parte do leitor, seu cérebro libera oxitocina, hormônio calmante, que relaxa o corpo e diminui os batimentos cardíacos.
O cortisol é outra substância que entra em ação quando o texto se depara com algum desafio, trazendo suspense e tensão aos leitores mais susceptíveis.
Ao antecipar o que vai acontecer, eu permito que a prazerosa dopamina tome conta do funcionamento cerebral de quem está lendo.
Clímax é quando a adrenalina alcança nível máximo, sacudindo, com a presença da expectativa, a harmonia do leitor.
Finalmente, caso eu consiga agradar, unindo sinapses, o leitor é banhado pela endorfina, hormônio do bem-estar.
Todo raciocínio tem um propósito e, quando ele é revelado, o cérebro, antes ansioso, torna-se gratificado e relaxado.
“Bem-aventurado o homem que encontra sabedoria, e o que adquire conhecimento” - Provérbios 3:13.
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista