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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

As imprecisas doenças funcionais

Coluna foi publicada nesta terça-feira (30)

Dr. João Evangelista | 30/04/2024, 10:38 10:38 h | Atualizado em 01/05/2024, 12:20

Imagem ilustrativa da imagem As imprecisas doenças funcionais
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Arquivo/AT

A certeza do diagnóstico favorece o sucesso do tratamento. Uma consulta minuciosa, acompanhada por avaliações sorológicas e de imagem, descortina grande parte das patologias orgânicas.

Todavia, sendo a medicina a arte das incertezas, “nem nunca” e “nem sempre”, caminham de mãos dadas. As doenças funcionais se caracterizam por apresentar sintomas, onde não são encontradas alterações estruturais de patologias específicas.

Podem estar presentes em várias anormalidades, como Síndrome do Intestino Irritável, Fibromialgia, Síndrome da Fadiga Crônica, Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Síndrome das Pernas inquietas, entre outras.

Médicos de várias especialidades são frequentemente procurados por pacientes já rotulados com um diagnóstico.

Não encontrando nada, após exaustiva avaliação clínica, o profissional exclama: “Essa doença não existe!”. Ao que o paciente retruca: “Como não existe, se ela grita dentro de mim?”

Por trás dessa desavença, revela-se o eterno dilema médico: o confronto entre sinais e sintomas, ou seja, aquilo que é aparente e perceptível ao observador experiente e aquilo que é subjetivo, mas o paciente sente, embora não seja perceptível ao observador.

Equipamentos e testes laboratoriais têm um objetivo em comum: detectar os sinais das doenças para poder tratá-las.

Infelizmente, ainda não foram inventadas ferramentas para a detecção de sintomas. Dessa maneira, se o paciente disser que sente determinada dor, o médico poderá “acreditar” ou não, quando o ideal seria poder constatar a queixa.

Mas, o que acontece quando as doenças apresentam sintomas, mas não apresenta sinais? Terá o paciente um distúrbio psicológico, com sintomas somáticos? Ou será que ele tem doenças reais, que cursam sem sinais? Ou serão doenças que cursam com sinais, mas que a medicina ainda não aprendeu a detectar? Essa é uma das muitas áreas cinzentas da medicina.

Doenças ricas em sintomas, mas pobres em sinais; quase toda especialidade médica tem alguma enfermidade desse tipo. Essas doenças são chamadas funcionais.

Há um consenso entre os clínicos de que, pelo menos em parte, as doenças funcionais são um produto da excessiva especialização médica.

Pacientes procuram ou são encaminhados a especialistas em função de seus sintomas predominantes. Por sua vez, especialistas concentram-se nos sintomas referentes à sua especialidade, colocando em segundo plano os sintomas comuns a outras doenças.

Doenças funcionais podem ser, na realidade, uma única enfermidade. Afinal, os mesmos sintomas estão presentes em muitas delas.

Especialistas são aqueles que sabem cada vez mais sobre menos coisas, não os que sabem o básico de todas as coisas. Médicos famosos são especialistas, não generalistas.

É uma pena, porque os pacientes com doenças funcionais continuarão perdidos entre consultórios de várias especialidades.

Mistério é aquela parte do conhecimento que não pode ser explicado, mas não deve ser ignorado.

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