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Doutor João Responde

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Colunista

Dr. João Evangelista

A vida se alimenta de sangue

Coluna foi publicada na terça-feira (13)

Dr. João Evangelista | 15/08/2024, 12:08 12:08 h | Atualizado em 15/08/2024, 12:08

Imagem ilustrativa da imagem A vida se alimenta de sangue
Sangue tem como principal função a distribuição de nutrientes, oxigênio e hormônios, para as células do organismo |  Foto: © Divulgação/Canva

O sangue tem como principal função a distribuição de nutrientes, oxigênio e hormônios, para as células do organismo. Enquanto vai passando pelo corpo, ele deixa alimento e oxigênio e recolhe os resíduos produzidos pelo metabolismo das células dos diferentes tecidos.

Principais componentes do sangue, as hemácias são responsáveis pelo transporte de oxigênio e gás carbônico, os leucócitos respondem pela imunidade e as plaquetas auxiliam na coagulação. Além dessas, outras atividades tornam a circulação sanguínea imprescindível para manter a existência.

Várias condições podem cortar o “fio da vida”, sendo a principal delas a placa de ateroma, lembrando a inflexível e silenciosa Átropos, moira da mitologia grega.

Afecção resultante do acúmulo de lipídios, carboidratos, produtos sanguíneos, tecido fibroso e depósito de cálcio, o ateroma é uma massa formada na parede interna de uma artéria, capaz de obstruí-la de forma parcial ou total.

O ateroma surge como consequência da aterosclerose, patologia inflamatória progressiva, que provoca o desgaste do endotélio, tecido que reveste o interior dos vasos sanguíneos.

Essas estruturas de gordura e cálcio crescem lentamente ao longo dos anos, sem causar sintomas. Entretanto, o aumento dessas placas pode levar à obstrução das artérias e resultar em condições graves, como má perfusão do músculo cardíaco, acidente vascular cerebral, injúria renal e trombose profunda.

Vale dizer que a maioria das pessoas desenvolve ateromas ao longo da vida, que quase sempre é um achado médico, durante exames de rotina. Por isso, é preciso entender que nem sempre ter um ateroma é condição preocupante. O que realmente importa é qual o estágio dessas placas, sua localização e os fatores de risco associados.

Via de regra, quando os sintomas aparecem, significa que a doença já está num estágio avançado, denominado aterosclerose, ocorrendo quando os ateromas já causaram estreitamento das artérias, podendo levar à obstrução e suas consequências.

Sujeitos a surgirem em qualquer artéria do corpo, os ateromas não aparecem de um dia para o outro. As placas são resultado de anos de acúmulo e o processo pode começar até mesmo na infância, dependendo dos fatores de risco associados.

Hipertensão arterial, diabetes, obesidade, hipercolesterolemia, tabagismo, doenças inflamatórias e envelhecimento são gatilhos para o desenvolvimento dos ateromas.

Os sintomas costumam surgir quando as placas aumentam e começam a interferir no fluxo sanguíneo.

Ateromas localizados nas artérias do coração podem causar dor anginosa, fraqueza, cansaço, suor e dor abdominal, culminando com infartos agudos do miocárdio.

O entupimento nas carótidas, vasos que fornecem sangue ao cérebro, pode desencadear acidente vascular cerebral.

Quadros oclusivos também podem acometer ductos dos membros inferiores, ocasionando trombose arterial profunda.

Encalhado nos “bancos de gordura” das artérias, o sangue se despede da vida.

Imagem ilustrativa da imagem A vida se alimenta de sangue
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Arquivo/AT

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