A pandemia ainda não acabou
Assim que a pandemia surgiu, não sabendo a diferença entre céu e inferno, o ser humano caminhava debaixo deles, despreocupado. Em dezembro de 2019, foram registrados casos de uma febre com manifestações respiratórias, na cidade de Wuhan, China.
Em janeiro de 2020 foi anunciada a causa: um novo coronavírus. Em março, foi declarada a pior crise sanitária mundial dos nossos tempos.
Sars, em 2002, e mers, em 2013, doenças causadas por outros Coronavírus, já tinham assustado antes a comunidade científica.
O sars-cov-2 tem 96,2% de identidade com o genoma de um vírus isolado de morcego, na China. Essa estreita relação sugere que os morcegos são provavelmente os hospedeiros naturais do coronavírus.
Transmitido por via respiratória, através da fala, tosse e espirro, o vírus logo se espalhou.
Pacientes sintomáticos apresentam três fases evolutivas da doença: Na gripal, as pessoas surgem com sintomas respiratórios, tais como febre, irritação de garganta, cansaço, cefaleia, astenia, diarreia, perda do paladar e cheiro.
Na segunda fase, denominada pneumônica, acontece comprometimento da árvore respiratória inferior, podendo cursar com alveolite, endotelite e hipoxemia, responsáveis pela síndrome de angústia respiratória.
O quadro pode regredir ou progredir para a terceira fase, em que as denominadas “tempestades de citocinas” apontam para pior prognóstico.
Algumas condições favorecem o agravamento do processo, como indivíduos acima de 60 anos, portadores de doenças cardiovasculares, neurológicas, respiratórias crônicas, tabagismo, hipertensão arterial, diabetes, imunossuprimidos e câncer.
Pacientes com desconforto respiratório, idosos com comorbidades de risco, imunossuprimidos, e comprometimento pulmonar acima de 50%, evidenciado através de tomografia, devem ser internados.
Embora ainda não existam drogas eficazes contra o coronavírus, vários medicamentos são utilizados para auxiliar o organismo, que padece diante da agressão viral.
Os corticosteroides diminuem a “tempestade de citocinas” e a inflamação, induzidas pela resposta imunológica descontrolada contra o sars-cov-2, impedindo o aparecimento de complicações, como falência renal, insuficiência cardíaca, tromboses venosas e arteriais, entre outras.
O uso de antibióticos está indicado somente quando houver suspeição de infecções bacterianas associadas.
Sugere-se também a utilização de anticoagulantes para evitar a propagação de microtrombos, no curso da doença.
Ao contrário do que se pensava anteriormente, deve-se retardar o quanto possível a intubação, visando a menor agressão ao parênquima pulmonar.
Expressamos nossos lamentos por aqueles que enfrentaram esse calvário hospitalar e não conseguiram voltar para casa. Quanto aos sobreviventes, devemos alertar que a vacina chegou, mas a pandemia não acabou. Ao contrário do que muitos pensam, a situação ainda é preocupante.
Não devemos confiar na proteção de nada que nós ainda não possamos controlar.