A gripe está sempre presente
Dr. João Evangelista
Com o advento da covid-19, acabamos esquecendo a gripe, essa velha hóspede do ser humano. Apresentando elevada transmissibilidade e distribuição global, a influenza é uma infecção aguda que acomete o trato respiratório, podendo se manifestar de forma leve ou severa.
Existem três tipos de vírus da gripe que acometem a população: A, B e C. Os vírus da influenza A e B são os que causam as epidemias sazonais em humanos. Em decorrência de terem um genoma altamente mutável, ocorre um constante processo de evolução genética dessas partículas, constituindo a base para a ocorrência de surtos gripais.
Diferentemente dos B e C, os vírus influenza do tipo A são divididos em vários subtipos sorológicos, como H3N2, H1N1, H9N2, H5N21, entre outros menos importantes.
A gripe pode surgir durante todo o ano, mas sua dispersão aumenta em algumas estações climáticas. No Brasil, ela costuma aparecer em períodos chuvosos. Na gripe sazonal, a mortalidade está diretamente relacionada à infecção bacteriana secundária.
Em períodos pandêmicos, a doença pode acometer até 40% da população e a mortalidade chega a atingir um percentual de 3%.
A transmissão inter-humana da gripe pode ocorrer de forma direta, por intermédio da eliminação de gotículas de uma pessoa ao falar, espirrar ou tossir, ou de maneira indireta, por meio das mãos que, após contato com superfícies contaminadas por secreções respiratórias, levam o agente infeccioso diretamente à boca, ao nariz e aos olhos.
Os danos no aparelho respiratório não se resumem apenas à ação viral direta; a imunomodulação também tem papel importante. A liberação exagerada de citocinas durante o quadro gripal provoca danos severos ao organismo. Moderada resposta inflamatória protege contra o desenvolvimento de doença grave e resposta elevada contribui para o aumento de complicações e mortalidade.
Tudo começa com as onomatopeias “atchim” e “cof, cof”. Depois aparece a moleza, a febre, o calafrio, a tosse, o cansaço, a mialgia, as dores articulares, a perda de apetite e a cefaleia, conhecidos sinais e sintomas da doença gripal.
Em alguns casos, o quadro clínico pode evoluir para uma síndrome respiratória aguda grave, gerando dispneia, desconforto respiratório e queda na saturação de oxigênio.
As complicações da gripe são essencialmente respiratórias e seu maior risco está relacionado às frequentes infecções bacterianas secundárias, traduzidas por amigdalite, bronquite, otite, rinite, sinusite e pneumonia. Embora raro, pode ocorrer abcesso pulmonar ou empiema.
Em função da pandemia vigente, o diagnóstico diferencial deve ser feito também com o Coronavírus humano.
Na maioria dos casos, a gripe tem evolução autolimitada, sendo necessário apenas o uso de antitérmicos e analgésicos, como dipirona e paracetamol. Para reduzir o impacto das gripes sazonais e pandêmicas, a vacina constitui a melhor forma de prevenir a doença.
Valorizemos os momentos em que podemos respirar bem pelas duas narinas.
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