Sociedade tende a “emparedar” Netanyahu após guerra em Israel
Coluna foi publicada no sábado (28)
Estado de São Paulo
Um cenário de cessar-fogo entre Israel e Hamas será de alívio para as populações israelense e palestina, mas tende a trazer um novo desafio político para o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu. Especialistas ouvidos pela Coluna avaliam que ele será “emparedado” pela sociedade civil e até por aliados pelas falhas de segurança e inteligência que levaram ao ataque terrorista do Hamas no seu território.
Membro do Instituto Brasil-Israel, o jornalista Henrique Cymerman acredita que, logo após a guerra, milhares de pessoas irão às ruas exigir a demissão de Netanyahu. Cymerman cobre os conflitos na região há três décadas e já entrevistou cinco líderes do Hamas. A leitura é de que a imagem de defensor da segurança de Bibi ficou irrecuperável.
EXEMPLOS. “A história tem argumentos para prever ou criar hipóteses do que vai acontecer com Netanyahu”, diz Vitelio Brustolin, professor de relações internacionais da UFF e pesquisador de Harvard, comparando com a renúncia da ex-primeira-ministra Golda Meir, após as falhas em prever a guerra do Yom Kippur.
TRISTEZA. O presidente Lula completou 78 anos, na sexta-feira (27), mas disse que não conseguiria comemorar a data por causa da guerra Israel-Hamas. Em café da manhã com jornalistas, o Presidente mostrou, várias vezes, o inconformismo com a continuidade do conflito. “Parece que as pessoas perderam a humanidade”.
DEFESA. A senadora Kátia Abreu minimizou a demissão de Rita Serrano da Caixa, terceira mulher a cair na gestão Lula. Em conversa com a Coluna, a ex-ministra do governo Dilma defendeu indicações partidárias para a boa relação com o Congresso.
SEM CHANCE. O socorro bilionário que a União prestou em 2023 a Estados e municípios que pediram a recomposição nos fundos de participação não se repetirá em 2024. O alerta é do secretário executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan. Segundo ele, a conta gerou um repasse extra de R$ 15 bilhões aos entes subnacionais este ano. “Não há mais espaço fiscal”.
TRONO. Decidido a entrar na disputa pela presidência da Câmara, o PL designou Luiz Felipe de Orleans e Bragança (RJ) para coordenar as discussões para encontrar um nome consensual em meio aos 99 integrantes da bancada. O deputado príncipe, como é conhecido entre os pares, é um dos cotados.
CHANCES. “O PL estará no jogo. Eleição é momento e ninguém sabe como estará em 2025. Temos a maior bancada e estaremos preparados para a candidatura”, diz o líder da sigla, Altineu Côrtes.
APOIO. Seguindo a mesma lógica de como a política dá voltas, Altineu não descarta um eventual apoio a Arthur Lira. “Somos aliados. Se ele pudesse concorrer à reeleição, apoiaríamos”.
PULVERIZAÇÃO. Como Arthur Lira não pode ser candidato à reeleição, mal assumiu a presidência nesta Legislatura, começaram as articulações pela sua cadeira. Tamanha a antecipação - falta um ano e quatro meses para a troca - que PL, PT, PSD, União, Republicanos já têm nomes.
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