Reunião entre Campos Neto e Lula não pode virar rotina
Coluna foi publicada no domingo (01)
Estado de São Paulo
Atores da política e da economia elogiaram o encontro entre o presidente Lula e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta semana em Brasília.
“É uma sinalização para a comunidade econômica de que o País está maduro”, afirmou à Coluna o ex-diretor do BC e presidente da Febraban, Isaac Sidney. “Foi um gesto importante de pacificação e respeito institucional”, disse o empresário João Doria. O encontro, porém, não pode virar rotina.
“Esse movimento seria mal interpretado como tentativa de interferência, e Campos Neto jamais se curvaria”, avaliou o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. Ele ressaltou que a redução da Selic depende do cenário econômico e que pressões indevidas atrapalhariam a trajetória de queda já iniciada.
ELEGANTE. Em evento no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta semana, um dia depois da reunião com Lula, Campos Neto foi um dos mais assediados. Mas não relatou nada da conversa. “Campos Neto já foi chamado até de canalha por Lula e aguentou, porque sabe de seu papel. O silêncio agora também mostra que ele foi o convidado para o encontro”, concluiu Mailson.
TRÉGUA. No Congresso, a expectativa é de que a base de Lula baixe o tom contra Campos Neto e suspenda, pelo menos por enquanto, o discurso sobre o fim da autonomia do Banco Central.
ACELERA AÍ. Quadros poderosos do PT têm cobrado Lula a efetivar a troca na presidência da Caixa, acertada com o Centrão na reforma ministerial. Em conversas reservadas, o entorno do petista insiste que é preciso cumprir o acordo o quanto antes para destravar a pauta econômica no Congresso. As 12 vice-presidências ainda têm destino incerto.
É ELE. O mais cotado para substituir Rita Serrano na Caixa é o economista Carlos Vieira Fernandes, ex-presidente do fundo de pensão dos funcionários do banco, o Funcef. Ele foi indicado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que venceu uma queda de braço interna com o senador Ciro Nogueira (PP). O ex-ministro preferiria ver Gilberto Occhi na Caixa.
METAMORFOSE. O senador Ciro Nogueira, presidente do PP, enfrenta a desidratação de aliados em seu reduto eleitoral, o Piauí. Quatro prefeitos trocaram de sigla para migrar do grupo de Ciro para o do governador Rafael Fonteles (PT) e do ministro Wellington Dias, adversários do senador nos planos estadual e federal.
TUDO BEM. ”É natural, temos que entender essas situações. Mas tenho certeza de que quem ficar firme na oposição vai ser reconhecido pelo seu tutor, o eleitor”, minimiza Ciro Nogueira.
MUDANÇAS. O ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, diz que o Brasil começou a perceber mais a presença da pasta no seu dia a dia. “A pauta dos direitos humanos foi silenciada nos últimos quatro anos. Voltamos a dar voz aos públicos prioritários da pasta e começamos a entregar políticas públicas concretas à sociedade”, disse à Coluna.
NOTA. Pesquisa Atlas mostra que a área de direitos humanos e igualdade racial, comandada por ele e pela ministra Anielle Franco, é a mais bem avaliada do governo Lula. A segurança pública, sob Flávio Dino, tem a pior nota.
Pronto, falei!
"É mais fácil encontrar uma mulher para seguir na vida do que encontrar um partido político para se filiar” - Randolfe Rodrigues, líder do governo no Congresso que casou recentemente e está sem legenda.
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo