Não é só o auxílio, há a ineficiência da oposição
Estado de São Paulo
O bom momento de Jair Bolsonaro nas pesquisas de avaliação não pode ser creditado apenas ao auxílio emergencial ou a qualquer outra “virtude” governista, alertam os analistas: é preciso considerar também a ineficiência, à esquerda e ao centro, dos opositores do Presidente.
Se quiserem ao menos dar um calor no Planalto, os adversários do governo têm de jogar de brancas, tomar a iniciativa dos lances, dominar (ou ao menos dividir) a agenda com seus assuntos. Por enquanto, Bolsonaro segue soberano, ditando como quer a pauta política do País.
Tradução. Morder as iscas da polarização bolsonarista, correr atrás das polêmicas do Presidente e gritar “genocida” parece ser o caminho da derrota.
Receita I. Para um rodado analista com passagens por governos e campanhas, a oposição deveria fazer um movimento em pinça: atacar defeitos e deficiências do governo e, de outro lado, se conectar com a população mais pobre em busca de projetar esperança.
Receita II. “Precisamos avançar no tema dos empregos. Esse deve ser o centro da nossa atuação, ao lado do enfrentamento à pandemia”, afirma governador e também presidenciável Flávio Dino (PCdoB-MA).
Ruído. Para o líder do PT na Câmara, Ênio Verri (PT-PR), o governo divulgou bem os pontos positivos do combate à pandemia, como o pagamento do auxílio, enquanto a oposição se comunica mal com o povo.
CLICK. O ex-juiz Sérgio Moro conversará com Carlos Alberto Di Franco em live na próxima terça-feira (18) no canal de YouTube do jornalista e colunista do “Estadão”.
Xi... Lideranças de oposição andam incomodadas com Rodrigo Maia. O presidente da Câmara não pauta nada espinhoso ao governo.
Ilusão. O cientista político Felipe Nunes, da Quaest Consultoria, ilustra o momento: é como se estivéssemos num longo carnaval bancado pelo auxílio; a vida está ruim lá fora, mas, por enquanto, é hora de aproveitar o refresco.
Fora da ordem. Enquanto a oposição derrapa, sobra para a classe artística o contraponto. A crítica de Caetano Veloso em live recente foi direta e contundente possível, com repercussão internacional. Empresária de Caetano, Paula Lavigne, porém, acha que os bolsonaristas não “estão nem aí”.
Perigo. Os efeitos a crise do coronavírus ainda não podem ser completamente mensurados e devem comprometer gerações futuras.
Vida.... “A pandemia vai aumentar o fosso educacional entre as crianças pobres e as ricas no Brasil”, afirma Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
...real. Pesquisa realizada pelo Locomotiva mostra que 55% dos estudantes da rede pública dizem que a Covid impactou muito a qualidade das aulas, contra 39% dos estudantes da rede privada. Somente 21% das crianças das classes D e E têm acesso a computador para acompanhar aulas remotas; nas classes A e B esse índice é de 75%.
Custo... Nas classes D e E, 73% das crianças dependem do celular para acessar a internet; nas classes A e B, 74% dela contam com celular e computador.
...alto. “Essa dependência do celular acentua uma situação de exclusão. O sinal de internet não costuma chegar com qualidade aos territórios de baixa renda e os pacotes de dados são caros para essa população”, diz Meirelles.
Bombou nas redes
"Ver a mídia tradicional admitir a crescente popularidade de Bolsonaro não tem preço”.
Marcos Feliciano, deputado federal (Republicanos-SP)
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo