Lula é quem vai pagar a conta da “trapalhada” de Haddad
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (16)
Estado de São Paulo
Num momento em que o presidente Lula mede forças com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em meio às tratativas para a reforma ministerial, a crítica do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à força dos congressistas empoderou, ainda mais, a ala do Centrão que quer espaço no governo. Resultado: é Lula quem vai pagar a conta pela gafe do ministro.
Na reunião do Colégio de Líderes, ontem, deputados queriam que Lira soltasse uma nota formal de repúdio às declarações de Haddad, por considerarem um ataque à Câmara. Mas Lira freou o movimento e, num só gesto, conseguiu evitar constrangimento maior ao ministro da Fazenda e ainda ficou bem entre os pares, pois já tinha rebatido ele mesmo as falas de Haddad.
INSEGURANÇA. “Vejo com preocupação uma decisão que faça uma nova interpretação da Lei das Agências para proibir o mandato integral de um diretor-geral que tenha ocupado, antes, outra diretoria”, disse Pacheco ontem.
CARGOS. Se os mandatos forem encurtados, abre-se espaço para indicar novos conselheiros, o que anima o Centrão da Câmara. A decisão afeta Carlos Baigorri (Anatel), Sandoval Feitosa (Aneel), Paulo Rebelo (ANS), Alex Muniz(Ancine) e Barra Torres (Anvisa).
RARIDADE. O escritor, ambientalista e líder indígena Ailton Krenak é raro consenso na Academia Brasileira de Letras para ocupar a cadeira número 5. A casa entende que é hora de abrigar um intelectual indígena. Ele já tem votos suficientes para vencer e deve se inscrever em breve.
RESPEITO. “Por enquanto é tudo possibilidade. Estamos guardando o óbvio respeito ao titular da cadeira, que acabou de se despedir. Não tenho nenhuma ambição. Mas fico honrado, é um privilégio para qualquer brasileiro ser lembrado”, disse à Coluna.
INTERROGAÇÃO. Líderes perguntavam o motivo de o ministro ter elevado o tom contra a Câmara. No Planalto, segundo interlocutores, a leitura foi de que houve “excesso de confiança” de Fernando Haddad e que ele não ponderou as consequências políticas da sua fala.
UMA CHANCE. Integrantes da base de Lula destacaram a boa relação do ministro com os parlamentares, desde o período da transição. De toda forma, a votação do arcabouço foi adiada e é o Presidente quem vai ter de afagar Arthur Lira e o Centrão para tentar formar base na Câmara.
URNAS. Aliados de Lira fazem questão de ressaltar, por exemplo, que ele não será cobrado por seus eleitores se votar o arcabouço agora ou só no ano que vem. Mas Lula já pagará a conta imediata de ter de voltar à regra do teto de gastos se não conseguir aprovar o novo texto na Câmara.
DISPUTA. O presidente do TCU, Bruno Dantas, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), medem forças diante de um caso que será julgado hoje na corte de contas. O embate é sobre um processo que pode reduzir o tempo de mandato de presidentes de agências reguladoras, como Aneel, Anatel, ANS e Ancine.
Pronto, falei!
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo