Lula e Anielle criam desgaste para o governo até na esquerda
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (27)
Estado de São Paulo
Em menos de 24 horas, o alto escalão do governo federal ampliou seu desgaste diante da opinião pública com declarações e atos do presidente Lula e da ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco. O petista cometeu mais uma gafe com fala considerada capacitista: “Vocês não vão me ver de andador, muleta, vão me ver sempre bonito”, disse ao comentar sua cirurgia no fêmur. Reincidência: ele já havia dito que pessoas com transtornos mentais têm “desequilíbrio de parafuso”.
Já a ministra apontou que não aceita questionamentos sobre suas ações. “É inacreditável que uma ministra seja questionada por ir fazer o seu trabalho de combate ao racismo e cumprir o seu dever”, disse ao ser questionada sobre usar avião da FAB em vez de voo comercial.
REPRIMENDA. “Caminhar, seja com andador, muleta ou cadeira de rodas, não enfeia ninguém, nem subtrai o potencial do ser humano. Passou da hora de Lula estudar mais sobre o universo das deficiências e enaltecer a diversidade humana”, lamentou a senadora Mara Gabrilli (PSD), tetraplégica desde os 26 anos.
FIM. O agora ex-procurador-geral da República Augusto Aras encerrou seu mandato ontem no mais profundo silêncio, após reiterados - e frustrados - gestos a Lula pela recondução.
MINISTÉRIO. Elizeta Ramos assume a PGR interinamente e senta na cadeira com bombas a desarmar. Ontem, o deputado Bibo Nunes (PL-RS) pediu à PGR que obrigue o Ministério da Justiça a disponibilizar todas as imagens das câmeras de segurança da pasta no 8 de Janeiro. O Planalto está em alerta com a interina, ilustre desconhecida do governo.
TRUCO. A promessa de ruralistas, evangélicos e armamentistas de reagir ao STF tomou forma. Em reunião no PL, sigla do ex-presidente Bolsonaro, lideranças decidiram resgatar uma PEC para dar ao Congresso o poder de anular decisões não unânimes de ministros da Corte que “extrapolem limites constitucionais”. Foi combinada uma força-tarefa para coletar assinaturas.
MEIO-TERMO. Há uma sinalização, porém, de que o texto original pode ser modulado. Em outras palavras, o grupo que vai subir o tom contra o STF pretende negociar se houver um compromisso de reduzir a temperatura por parte da Corte.
TESTE. Um termômetro do humor do agro após a ofensiva será aferido hoje. A Comissão de Meio Ambiente do Senado vai apreciar o PL dos Agrotóxicos. O governo tenta um acordo entre ambientalistas e ruralistas.
BATE-CABEÇA. Ainda sobre reação ao STF, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), é pressionado a recuar na proposta de realizar um plebiscito sobre a descriminalização do aborto. Parte dos conservadores entende que o tema não deve ir a consulta popular por ser “inegociável” e “fora de debate”.
CARÔMETRO. A articulação contrária ao plebiscito conta com apoio do líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), mas é capitaneada pelo deputado Professor Paulo Fernando (Republicanos-DF), que tem enviado mensagens de texto a Marinho.
Pronto, falei!
"O Estado de São Paulo deve oferecer políticas públicas que evitem que o estupro ocorra e não dizer que as mulheres registram mais. Sem crime, sem registro” - Celeste L. dos Santos, presidente Instituto Pró-vítima
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo