Governo sem norte na agenda das reformas
A tramitação da reforma administrativa, em meio a recuos e acusações de privilégio que fizeram o texto ser chamado de “antirreforma”, é só a mais recente de uma sequência de complicações envolvendo matérias importantes da agenda econômica. Para analistas do setor, tem ficado claro o desnorteamento do governo federal com a desfiguração de projetos no Congresso por falta de diálogo e de capacidade de articulação. “Sem alguém para dar o norte, a chance de aparecerem cavalos com chifre é brutal”, afirma o economista Celso Toledo.
Lista. A desidratação da PEC Emergencial, os “jabutis” das mudanças no IR e na MP da privatização da Eletrobras, além do Orçamento capturado por emendas são mais exemplos.
Não é... “Reformar é melhorar estruturalmente as contas públicas e a capacidade de crescimento do País. Não é o caso. São medidas localizadas”, diz a economista Zeina Latif.
...é assim. “Não que privatizar a Eletrobras não tenha benefício, por exemplo, mas da forma como foi feita, para atender interesses paroquiais do Congresso, é questionável, assim como a PEC Emergencial sem esforço fiscal de ajuste por parte do governo”, diz Latif.
Perdidos... Para Toledo, se o governo tem um norte definido, as negociações e concessões ao parlamento tendem a seguir um caminho na direção correta uma vez que o governo estabeleceria limites dentro do norte que persegue (validado eleitoralmente).
Chave. Do cientista político Rodrigo Prando: “Em que momento o governo Bolsonaro se mostrou aberto ao diálogo, à negociação e ao planejamento. Havia expectativa do mercado, mas Paulo Guedes não teve condições de avançar em reformas porque o presidente aposta no presidencialismo de confrontação”.
Idade das trevas. Preparem as velas: cresce entre técnicos do setor elétrico a preocupação com um verão cheio de apagões no País por conta da atual crise.
Calma... Não é unânime no PSB a leitura de que Lula conseguiu selar a paz em Pernambuco. Integrantes da Executiva Nacional do PSB têm pregado mais cautela na relação com o PT.
...aí. Ainda há quem defenda condicionar o apoio a Lula somente se houver novo recuo de Marília Arraes (PT) no Estado, em prol de uma candidatura do PSB a governador (o nome mais cotado é o do ex-prefeito de Recife Geraldo Júlio).
Matemática. A cautela se dá diante da constatação de que a conta pode não fecha, uma vez que Arraes lidera com folga as pesquisas.
Pera lá. O grupo que pede calma na relação com PT defende que o PSB joga com as brancas rumo a 2022, ao invés de ficar esperando os movimentos do PT, como ocorreu quatro anos atrás. Num truco aos petistas, alguns falam em ter mais conversas com Ciro Gomes (PDT).
PRONTO, FALEI
Sobre Bolsonaro ter pedido aos brasileiros para apagar a luz
Bolsonarista raiz não reclama da carestia. Usa luz de velas, anda a pé e toma sopa de osso”
Roberto Requião, ex-governador do Paraná