Chance de vitória de Lula faz PP e União negociarem possível fusão
PP e União Brasil abriram negociação para uma possível fusão das duas legendas
Estado de São Paulo
PP e União Brasil abriram negociação para uma possível fusão das duas legendas, com vistas a sobreviver em um cenário em que ambas podem ser relegadas à oposição, em caso de vitória de Lula (PT). As conversas aceleraram com a perspectiva de que o petista pode encerrar a contenda no domingo. Juntos, os partidos somariam, no mínimo, 106 deputados, segundo projeção do Diap, e se tornariam os maiores da Câmara.
Pelo lado do PP, a fusão abre a possibilidade de a sigla manter Arthur Lira na presidência da Câmara – o posto é prioridade para o partido. Já para o União Brasil, o ganho seria de Luciano Bivar (PE), presidente da sigla que periga não se eleger e pode perder o comando para nomes que vão emergir fortes da eleição.
CÁLCULOS. Sem a fusão, Bivar fica vulnerável a adversários que conquistou no seu partido por secar recursos na campanha – Mendonça Filho (PE) chegou a ameaçar processá-lo para receber. Ao negociar a sociedade, por outro lado, ele assegura controle de parte da nova legenda.
VARIÁVEIS. A negociação foi confirmada por caciques de ambas as siglas, mas depende do resultado das urnas. Caso Jair Bolsonaro (PL) vença, aliados de Ciro Nogueira, presidente do PP, avaliam que o interesse dele no acordo diminui, já que o PP terá prestígio em eventual segundo mandato.
TIMING. Outro fator é a eleição de figuras como ACM Neto (BA), Ronaldo Caiado (GO) e Rodrigo Garcia (SP), que embora do PSDB tem o apoio do União. Se eleitos, eles teriam voz nesse acordo. Por isso, não se espera avanço da eventual fusão antes do segundo turno.
PALANQUE. Não é novidade que Bolsonaro enfrenta dificuldades no Nordeste, mas a situação pode cobrar seu preço caso a eleição vá para o 2º turno. Dos nove estados, Bolsonaro tem aliados com chance de vencer ou ir ao 2º turno em apenas três – Pernambuco, Alagoas e Ceará. Em Sergipe, Valmir Francisquinho (PL) teve a candidatura barrada pelo TRE na última semana. Cabe recurso.
MEIO-AMIGOS. No Ceará, Capitão Wagner (União) preferiu manter distância, assim como Silvio Mendes (União) no Piauí. Em Alagoas, apesar de Rodrigo Cunha (União) ter o apoio de Arthur Lira, o candidato oficial de Bolsonaro é Fernando Collor (PTB), que derrapa nas pesquisas.
PASSADO. Aliados de Cunha veem poucas chances de ele se somar a Bolsonaro em razão de um caso familiar: Bolsonaro defendeu o mandato do deputado acusado de ser o mandante da morte da mãe dele, Ceci Cunha.
Pronto, falei!
"Uma das incertezas dessa eleição é se Bolsonaro, em caso de derrota, terá a disposição de articular a oposição. É mais difícil manter a coesão sem recursos de governo” - Rafael Cortez, cientista político
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo