Caso Marielle: cobrança para propor reforma das polícias
Coluna foi publicada no sábado (30)
O caso Marielle evidenciou que o crime prolifera no Rio com a anuência de integrantes do Estado. No primeiro momento, a conclusão do inquérito da Polícia Federal deu alento aos que aguardavam o resultado das investigações. Mas, a partir de agora, força o Legislativo a discutir a reforma das polícias e o modelo de segurança no País, na avaliação de especialistas do setor.
“Se o Congresso quiser tomar uma atitude séria, precisa montar uma comissão e apresentar uma proposta”, afirma Rafael Alcadipani, integrante do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e professor da FGV. Ele sugere, por exemplo, a adoção de mandato e metas para os chefes de polícia, como ocorre no Chile. “Chefes que não são independentes atendem os grupos politiqueiros”, alerta.
EXTENSÃO. O procurador de Justiça do Ministério Público de São Paulo Márcio Sérgio Christino observa que o problema é estrutural e defende medidas mais amplas. “A questão do Rio é muito particular, não se reflete nos outros Estados”, diz. "A regulamentação tem de ser pensada em nível nacional e refletir a necessidade de uma intervenção ou produção de um modelo de polícia diferente do existente. Christino sugere a adoção de modelo similar ao dos EUA.
ENTRANHAS. O pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP Bruno Paes Manso também avalia que mudar a forma de indicação das polícias é algo pontual. “É cosmético, se não se admitir o grau de profundidade do problema”, destaca. Paes Manso defende uma investigação aprofundada “para que as polícias civil e militar sejam refeitas e a penetração do crime nas instituições executivas no Rio seja assumida como problema grave”.
VAI NA MALA. A Apex-Brasil organiza uma comitiva empresarial para acompanhar a viagem do presidente Lula à Colômbia, prevista para abril. A análise é a de que o país vizinho tem potencial para compensar eventual perda de mercado da Argentina, que vive uma crise econômica.
REPRISE. O deputado estadual Emídio de Souza (PT), pré-candidato a prefeito de Osasco, tenta repetir na sua campanha a aliança costurada por Lula em 2022. A ideia é reciclar o clima de “frente ampla” que garantiu vitória ao petista, reunindo praticamente os mesmos partidos.
LISTA. Emídio já fechou com a federação Psol-Rede e está em negociações avançadas com PSB, Solidariedade e Agir. Principal nome do PSB em São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin manifestou apoio a ele. O PV e o PCdoB, que mantêm federação com o PT, são obrigados a apoiar Emídio pela lei eleitoral.
SAI DAQUI. Dirigentes do União Brasil argumentam que o partido só estará pacificado quando isolar os dois últimos aliados de Luciano Bivar: os deputados Luiz Carlos Busato (RS) e Marcelo Freitas (MG). Como não existe, até agora, motivo para expulsá-los, uma ala vai atuar para que eles percam espaço em comissões, relatorias e comando de diretórios estaduais da legenda.
EU NÃO. À Coluna, o novo presidente do União Brasil, Antonio Rueda, negou represálias.
Para ver, ouvir e pensar
Série: Lista Negra
Música: Não Deixo Não, de Mano Walter
Livro: O Príncipe, Nicolau Maquiavel