Avanço de Milei lança alerta no governo, que teme onda regional
Coluna foi publicada nesta terça-feira (15)
Estado de São Paulo
A vitória de Javier Milei nas primárias argentinas, uma espécie de termômetro da eleição presidencial do país vizinho, acendeu a luz amarela no governo Lula. Nos bastidores, integrantes do Itamaraty e do Planalto demonstram surpresa após o resultado do “Bolsonaro dos hermanos”, nas palavras de um deles. E todos temem o impacto sobre o presidente Lula caso Milei seja, de fato, eleito. O principal risco apontado por governistas é a possibilidade de uma eventual vitória da direita na Argentina acabar por contaminar toda a América do Sul. Os países da região têm um histórico de ondas ideológicas comuns, e a tração da direita na eleição argentina poderia ser um sinal de um ciclo difícil para a esquerda também nas demais nações.
PERIGO. Outro risco detectado no Planalto é a ameaça trazida por Milei ao projeto de integração regional de Lula, com destaque para o fortalecimento do Mercosul. Autodeclarado “anarcocapitalista”, o candidato favorito na Argentina é favorável à extinção do bloco sul-americano.
PARA PIORAR. O terceiro risco comentado no governo é a chance de os peronistas apelarem a uma espécie de “tudo ou nada”, intensificando clamores para o Brasil oferecer uma ajuda econômica que impeça a derrota da esquerda local por Milei. O candidato do governo argentino é o ministro da Economia, Sergio Massa, que considera Lula um aliado.
CALMA. Apesar do alerta, no Planalto a avaliação é que Patricia Bullrich, da direita moderada, ainda pode surpreender e levar as eleições. Seria um cenário melhor para Lula do que ter Milei como presidente, diz um auxiliar.
NEGATIVA. O presidente da CPMI do 8 de Janeiro, Arthur Maia (União-BA), frustrou a base de Lula ao deixar fora da pauta da semana requerimentos que pedem a quebra de sigilo bancário do ex-presidente Bolsonaro e da sua esposa Michelle. O deputado Rogério Correia (PT-MG) afirma que ainda vai procurar Maia para tentar convencê-lo a votar os pedidos.
LIGAÇÃO. Governistas ampliaram a defesa da quebra dos sigilos após a PF identificar um suposto esquema de venda no exterior de joias que Bolsonaro ganhou de presente quando estava no cargo. Maia resiste a unir essa investigação aos trabalhos da CPMI dos atos golpistas por não ver relação entre os casos.
AMARRAS. O Congresso articula inserir o Farmácia Popular entre os gastos obrigatórios do Executivo já em 2024. A ideia é transformar o programa em lei, estabelecendo um piso de despesas
VERÃO PASSADO. O deputado Luciano Ducci (PSB-PR) tem apoio do seu partido para ser candidato à prefeitura de Curitiba e tenta uma aliança com o PT. O problema é que petistas resistem à aproximação: acusam o socialista de “esconder” Lula na eleição passada e não esquecem que, em 2010, ele herdou a prefeitura de Beto Richa (PSDB), de quem era vice.
DEFESA. Correligionários de Ducci dizem que ele só não fez uma campanha entusiasmada para Lula. Ciente das resistências, o deputado já se reuniu com a presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
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Coluna do Estadão,por Estado de São Paulo