Aliados de Nunes veem Marta de mãos atadas em chapa com Boulos
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (10)
O entorno do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), calcula o impacto da iminente aliança entre Marta Suplicy e Guilherme Boulos (Psol) para a eleição municipal. Apesar de lamentarem a migração da ex-prefeita para a canoa do rival, em um movimento visto como traição no MDB, aliados entendem que ela estará de mãos atadas: após trabalhar com o prefeito por três anos, não poderá criticar sua gestão na campanha.
Longe de pautas municipais como saúde e educação, Marta ficaria limitada à retórica ideológica, com foco no acordo entre Nunes e o ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem ela chama de psicopata. A ex-prefeita negociou com o presidente Lula (pelas costas de Nunes) seu retorno ao PT para ser vice de Boulos, forçando sua demissão.
POR ISSO. No PT, porém, a aposta é que a eleição deste ano terá exatamente tal caráter político-ideológico, reproduzindo a polarização entre Lula e Bolsonaro.
CASAMENTO… Marta agora negocia um encontro presencial para “testar a liga” com Boulos, condição para que a aliança seja, enfim, anunciada. A reunião pode acontecer já nesta semana
…ARRANJADO. Como revelou a Coluna, um dirigente petista vê 99% de chances de Marta ser vice de Boulos. O 1% restante que anularia toda a costura política feita por Lula seria a falta de química no encontro entre os dois, cenário visto como improvável.
TÁTICA. O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), queria agradar ao eleitor nem-nem (nem Lula, nem Bolsonaro), avesso a vândalos, quando decidiu, num primeiro momento, ir ao ato Democracia Inabalada.
VAIVÉM. A estratégia que mirava as eleições de 2026, porém, foi abandonada após pressão do Novo, que busca ser a principal força antipetista do País. Zema acabou desistindo de ir ao ato.
FAZER… O PSB confessa nos bastidores a frustração com a iminente perda do Ministério da Justiça após a saída de Flávio Dino. Ainda assim, não fará qualquer rebelião. “Não apoiamos o governo em função de cargos e temos razões políticas suficientes para continuar apoiando”, disse à Coluna o presidente da sigla, Carlos Siqueira. “Não vejo clima pra isso”, endossou o líder do PSB na Câmara, Gervásio Maia (PB).
…O QUÊ. Apesar de a pasta estar endereçada a Ricardo Lewandowski, o PSB ainda trabalha por Ricardo Cappelli. Se o ex-STF virar ministro, a sigla gostaria que filiados permanecessem no ministério, como o ex-deputado Tadeu Alencar, hoje secretário nacional de Segurança Pública.
TRIAGEM. Depois de ter a popularidade abalada em 2023 com o pente-fino no Bolsa Família, o governo quer concluir a inclusão de novos beneficiários até o fim do ano. “Vamos completar a busca ativa. Falta pouco e temos um cadastro muito atualizado”, disse à Coluna o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias.
NO MUSEU. Dias reconheceu que o pente-fino no Bolsa Família afetou o governo até julho. “Isso foi superado. As pesquisas, agora, colocam os programas sociais com a maior aprovação.”
Pronto, falei!
"Lula mudou de assunto menos de 24 horas após o ato do 8 de Janeiro: anunciou políticas de preservação da Amazônia e contra o garimpo. Distendeu a relação.” - Miro Teixeira, deputado federal constituinte