Grupos parlamentares são só “agências de viagem”
Cláudio Humberto
O Congresso já tem 32 “grupos de cooperação” com outros países, a pretexto de reforçar as relações diplomáticas, que garantem viagens “de intercâmbio” pagas pelos cofres públicos. Mas senadores e deputados não parecem preocupados com as relações bilaterais: 21 desses grupos têm apenas o parlamentar esperto que o criou.
De outros onze grupos, só três se reuniram este ano, uma vez cada. Um deles, ativo só no “papel”, foi criado nos anos 1990 e fez a última reunião em 2011.
Grupos do Cuecão
Criados pelo senador licenciado Chico “Cuecão” Rodrigues (DEM-RR) - foto -, que os preside, há os grupos Brasil-Guiana e Brasil-Cazaquistão.
Os mais concorridos
Servindo para garantir viagens por nossa conta, grupos Brasil-Arábia Saudita e Brasil-China têm 61 e 46 membros, respectivamente.
Péssima estratégia
O grupo Brasil-Espanha foi criado em 1998 e reinstalado em 2011, mas não teve adesão de nenhum parlamentar e nunca se reuniu desde então.
O mais atuante
O grupo Brasil-EUA foi criado em 2019, mas tem 10 membros. Reuniu-se em dezembro e é presidido pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA).
Maia joga para plateia antes da eleição do dia 15
O presidente Rodrigo Maia (DEM-RJ) optou por sessões extraordinárias para conseguir que a Câmara produza alguma coisa nas duas semanas que antecedem as eleições. Mas os motivos podem não ser tão nobres.
É que as pautas das reuniões extraordinárias não ficam sujeitas a regras de trancamento por medidas provisórias, mas, com isso, ficam 100% à mercê dos interesses do presidente, que coloca o que quiser na pauta.
Pernada nos líderes
O calendário de novembro, divulgado após reunião de líderes, não tinha sessões previstas para antes do 1º turno. Maia enxergou a oportunidade.
Não desapega
O jogo de cena reforça a tentativa do quase ex-presidente, que deu azar com a pandemia e as eleições, de manter o poder pelo máximo de tempo.
Pano para manga
Na sexta, a convocação da sessão deliberativa extraordinária já havia sido publicada. A pauta inclui PL de cabotagem, criticado pelo deputado.
Aprovação estável
Apesar da semana conturbada no noticiário, pesquisa ModalMais/AP Exata revela que a aprovação do governo federal se manteve estável: o índice de Ótimo ou Bom esta´ em 35,6%, contra 34% que classificam a gestão como Ruim ou Péssimo. Para 30%, o governo é “Regular”.
Conta fake
Guilherme Boulos (Psol) comemorou pesquisa para a prefeito de São Paulo dizendo que “falta pouco para a virada”. Ele está a sete pontos Russomanno (Rep) e tem metade do resultado de Bruno Covas (PSDB).
Crédito na pandemia
Programa de crédito emergencial para pessoas físicas e jurídicas do Banco de Brasília para combater o impacto da pandemia, o Supera-DF movimentou cerca de R$ 4 bilhões desde março, quando foi lançado.
Documentos reféns
O Supremo Tribunal Federal deve julgar na quarta-feira a constitucionalidade da apreensão de passaporte ou da Carteira de Habilitação de um cidadão para garantir o pagamento de dívidas.
Influência é das redes
Pesquisa da plataforma Socialbakers aponta que 72% dos cidadãos americanos com idade para votar usam ativamente as redes sociais. Desses, 69% utilizam somente o Facebook.
Triste marca
O Reino Unido superou neste sábado a marca de um milhão de casos do covid. Sofrendo com a segunda onda de infecções, britânicos se juntam a EUA, Índia, Brasil, Rússia, França, Espanha, Argentina e Colômbia.
Melhora evidente
O Linkedin, rede social voltada para o mercado de trabalho, revelou que o nível de contratações no Brasil retornou ao pré-pandemia. Excelente notícia, mas a plataforma não acha que irá compensar as demissões.
Pensando bem...
...neste ano de pandemia, políticos fingiram fazer campanha, e os eleitores não fingiram se importar.
Jair isento
Em sua live, Bolsonaro revelou que, no Rio, apoia Marcelo Crivella (Republicanos) - foto -, “mas quem quiser votar em outro, tranquilo”, disse. Foi criticado na imprensa. Que, aliás, também o criticaria se não tivesse feito a ressalva.
Poder sem pudor
Sr. Lei, muito prazer
Durante o governo Fernando Henrique, no final de 1999, o ministro Pedro Malan (Fazenda) fingia interesse na reforma tributária, discutindo-a com parlamentares.
Sempre muito cordial, ele perguntou ao deputado Antônio Kandir (PSDB), ex-ministro de Planejamento do mesmo governo: “O senhor prefere que eu o chame de deputado ou de ministro?” Antônio Palocci (PT-SP) meteu o bedelho, provocando gargalhadas: “Ministro, em São Paulo ninguém chama o Kandir de ministro, nem de deputado. Todo mundo chama ele de ‘lei’, Lei Kandir.”
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Cláudio Humberto,por Cláudio Humberto