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Claudia Matarazzo

Claudia Matarazzo

Colunista

Claudia Matarazzo

Harry e a família real britânica

Artigo publicado na coluna Claudia Matarazzo, do Jornal A Tribuna

Claudia Matarazzo | 19/01/2023, 15:28 15:28 h | Atualizado em 19/01/2023, 15:30

O mundo  pode estar em guerra, o Brasil mudou o governo, o dólar cai e o mercado reclama, mas quando se trata da Família Real Britânica (quase) todos querem ver e ouvir  a opinião de  especialistas e fofocar com os amigos. Sabendo disso, Harry, o caçula encapetado do Rei Charles III e Diana, amarrou um belo contrato ao livro “Spare”, que acaba de sair.

Tenho opinião formada e jurei que não ia falar sobre isso. Mas tanta gente pergunta que, agora, lerei o livro para poder falar com mais segurança, masssss... há coisas que as confissões lacrimosas no livro mudarão minha jurássica opinião.  Vamos a elas. 

Se  Harry não tivesse sido criado para respeitar seu legado familiar e tradições seria apenas um fraco de personalidade, que não soube administrar o sofrimento da perda da mãe. (Nem os privilégios concedidos por nascimento etc).

Responsabilidade como pessoa – Quem nasce no privilégio, com dinheiro, família e influência como é o seu caso, tem responsabilidades. E isso vale para donos de terras, filhos de grandes  industriais, e os simplesmente muito ricos – que tem obrigação de fazer a sua parte para agregar e ajudar a melhorar o mundo. Questão de equilíbrio cósmico. E justiça mesmo.

Dores x exposição – Sem essa “coitadinho  nunca superou a perda da mãe.”  Para isso existem terapeutas, amigos, e o tempo que atenua um pouco. Aliás, como ficam os milhares de pobres  anônimos que perdem as mães e ainda criam irmãos, pois o pai muitas vezes não está perto?

Pai padrasto ou família terrível –  Agora deram de falar isso, pois tantas coisas  vieram à tona – algumas  provavelmente verdeiras. Bem-vindo ao clube Harry!  Famílias  perfeitas, de perto, são raras. E nem por isso seus membros saem chorando em público ou procuram faturar com isso.

O fato de ser quem é e ainda assim expor – sem deixar de cobrar muito  bem – toda a família, o torna um gigolô das massas.  Seu tio-avô, o famoso Duque de Windsor, que abdicou do trono por amor, também não aguentou o tranco de não estar mais nos holofotes e vendeu-se aos franceses fazendo presenças VIP até  sua morte. 

Pior, no auge da Segunda  Guerra, enquanto seus conterrâneos davam a vida para combater o nazismo, ele, literalmente,  desfilava na Alemanha, país inimigo -  ao lado de ninguém menos  que Adolf Hitler, com direito a acenos para as câmeras.

Voltando a Harry: independente de ter sofrido, não ter escolhido nascer príncipe, ele teve escolhas – e muitas! 

E usa seu privilégio, não para construir algo, mas da pior maneira possível; mostrando não fragilidade, mas fraqueza; não firmeza na escolha, mas egoísmo; não criatividade, mas mesquinharia da pior espécie ao vender seus sentimentos, atingindo a família que lhe proporcionou todas essas possibilidades.  

Não tenho pena. Nenhuma. Não cresceu, mas pior que isso, é mau-caráter mesmo.

Não li o livro e prometo ler para voltar com o segundo episódio da saga. Mas pensem: uma pessoa comum com esse histórico de “trairagem” e “mimimi”, vocês achariam admirável ou apenas mais um mala?

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