Elegância na diversidade
Coluna foi publicada nesta quinta-feira (17)
Hoje o assunto é para esclarecer (várias) dúvidas de leitores relacionadas a pessoas LGBTQIAPN+. Antes de reclamar da sigla, deixe a preguiça de lado: é natural que uma sigla que se refere à diversidade tenha muitas letras – e entender o que significam sem reclamar é o mínimo que se espera de uma pessoa esclarecida.
Deu preguiça? Pule o assunto e continue no limbo no que se refere elegância. Explico: entender o básico dos tratamentos e pronomes é o primeiro passo para se relacionar melhor com um vasto universo de pessoas. E errar nesse caso é como trocar o nome de alguém durante uma transa.
Então vamos lá: uma forte candidata à campeã de perguntas sobre isso é: “Tenho dois amigos gays que moram juntos. Eles são um casal. Como devo enviar o convite?”
Alternativa 1 - Se são um casal e moram juntos, o convite deve ser um só e com os nomes dos dois. A ordem pode ser a alfabética ou colocando antes aquele que os noivos conhecem há mais tempo ou são mais próximos (acontece, certo)?
Alternativa 2 - Se eles tiverem feito a união estável com alteração de sobrenomes, vale a pena perguntar como ficaram os nomes.
Alternativa 3 - Se são um casal e não moram juntos, envie os convites separadamente. E sempre com pronomes e formas de tratamento conforme o gênero do casal (neste caso, masculino; se fosse um casal lésbico, no feminino).
Pronomes de tratamento - Outro leitor fez a seguinte indagação: “Tenho uma colega de trabalho que é travesti mas não se parece muito com uma mulher. Como vou chamar?” Hellooooo! Ela se identifica com o feminino – mesmo que sua aparência não corresponda ao imaginário social de feminilidade, os pronomes e tratamentos devem ser sempre no feminino. Ela, dela, uma colega.
Nunca use adjetivos como trava, traveco, transex. São pejorativos, cruéis e cafonas. Aliás, o mesmo raciocínio dos pronomes e tratamentos é aplicável também para pessoas trans (homens e mulheres).
Quantas vezes já não ouvimos, se referirem desrespeitosamente ao Thammy como “a Thammy”? E aqueles “colegas” políticos que se referem à deputada federal Erika Hilton com pronomes e adjetivos no masculino? Além de muito feio, é deselegante e criminoso – afinal, a transfobia foi equiparada ao crime de racismo.
Desenhando para deixar mais claro: precisamos apenas usar de afeto, empatia e respeito. Não cabe a nenhum de nós definir como o outro deve ser tratado ou “adjetivado”. Precisamos ouvir (e perceber e respeitar) o que o outro nos diz.
Se o Thammy se reconhece como um homem, eu vou tratá-lo no masculino. Não é difícil – e dizer que isso te confunde é passar recibo de preguiça, atraso e pouca informação.
Se cada um de nós realmente se colocar no lugar do outro, não tem como errar e você passa para outro patamar na escala das pessoas realmente apreciadas.
Ah, e sobre a sigla: LGBTQIAPN+ representa as iniciais de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, interssexuais, assexuais, pansexuais, não-binarie e “mais”.
Prometo explicar cada uma delas em outra coluna, tá?