Você já ouviu falar em hipertensão pulmonar?
Falta de ar, cansaço, dor no peito e inchaço nas pernas podem ser sinais de uma doença não muito comum, porém que é grave e pode ser fatal. A hipertensão pulmonar pode levar a limitações físicas e, consequentemente, prejudicar a qualidade de vida do paciente.
A doença é marcada por um aumento constante da pressão da artéria pulmonar e de seus vasos, que recebem o sangue vindo do coração.
Nos estágios iniciais, as consequências são leves e com poucos sintomas. À medida que a condição se agrava, o paciente pode se tornar incapacitado para qualquer atividade devido ao cansaço extremo e à baixa oxigenação.
O AT em Família entrevistou o presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia no Espírito Santo, Rafael de Castro Martins, que esclareceu algumas dúvidas sobre a doença.
O médico explicou que a prevalência da hipertensão pulmonar é de cerca de 10 casos para um milhão de habitantes. Os casos relacionados às doenças cardíacas são mais comuns, já os associados a outras causas são mais raros.
AT em Família – A doença tem sempre origem por problemas no pulmão ou no coração?
Rafael Martins – Não, a hipertensão pulmonar nem sempre é originada por problemas em um desses dois órgãos, mas as causas principais estão sim relacionadas ao pulmão e ao coração.
Quais são as principais causas da hipertensão pulmonar?
São as doenças cardíacas, como a insuficiência cardíaca, a doença valvar e as doenças cardíacas congênitas. Mas o problema pode ocorrer também por causas hereditárias, infecção por HIV, esquistossomose, doenças pulmonares crônicas como enfisema, fibrose, apneia do sono grave ou tromboembolismo pulmonar crônico; e doenças reumatológicas.
Os casos relacionados às doenças cardíacas são mais comuns. Já os que estão relacionados a outras causas são mais raros.
Quais as consequências da hipertensão pulmonar?
Podem ocorrer consequências leves nos estágios iniciais, com poucos sintomas. E avançar até a incapacidade total para realizar qualquer atividade devido ao cansaço extremo e à baixa oxigenação. Pacientes graves podem ainda ter desconforto para dormir com a cabeceira baixa e perder peso de maneira significativa.
A doença pode matar?
Sim, a hipertensão pulmonar pode ser fatal. O que leva o paciente a óbito é principalmente a sobrecarga que é causada no coração, levando à falência cardíaca e à baixa oxigenação.
Os dois pulmões são afetados pela doença?
O acometimento não é nos pulmões em si. O acometimento é na artéria pulmonar (artéria que transporta sangue do lado direito do coração até os pulmões) e afeta a artéria dos dois pulmões.
Como é feito o diagnóstico?
O exame de rastreamento inicial é o ecocardiograma. Se o resultado deste exame estiver alterado, o método para o diagnóstico definitivo é o cateterismo.
Como é o tratamento? Existe cura?
Existem vários tratamentos, a maioria com medicamentos, e alguns com cirurgia. Nesse caso, o tratamento é direcionado levando em conta a causa básica da hipertensão pulmonar. Na maioria das vezes, não tem cura para a condição, mas há controle.
A doença afeta a qualidade de vida?
Sim, pode levar o paciente a ter de lidar com muitas limitações físicas, especialmente devido ao cansaço e à piora da qualidade do sono. A qualidade de vida afetada pode levar o paciente a sofrer com depressão.
Há algo que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida do paciente?
Sim. Tentar evitar o aumento da pressão na artéria pulmonar com tratamento medicamentoso, pois este aumento é o que causa os sintomas. Outras medidas podem ser tomadas, como o uso de oxigênio por exemplo.
Os cuidados médicos e o tratamento ajudam na qualidade de vida do paciente.