Homens que tiveram Covid podem ter disfunção erétil
A pressão psicológica provocada pela pandemia do novo coronavírus está afetando diretamente o desempenho sexual dos homens. O estresse do isolamento, o desemprego e até mesmo o medo das complicações da doença fizeram com que aumentasse o número de pacientes em busca de ajuda para o problema nos consultórios.
A informação é do médico urologista e presidente da Sociedade Brasileira de Urologia – Seccional Espírito Santo, Rodrigo Tristão. O médico também relatou ao AT em Família a ocorrência de casos de disfunção erétil em alguns pacientes que tiveram formas graves da Covid-19.
AT Em Família – O que é disfunção erétil ou impotência sexual?
Rodrigo Tristão – É a incapacidade de o homem conseguir obter e manter a ereção do pênis de forma que possibilite uma atividade sexual satisfatória. A impotência pode indicar doenças crônicas em atividade ou mesmo problemas psicológicos e afeta a qualidade de vida dos pacientes e de suas parceiras.
Quais são as principais causas da doença?
As causas são variadas, podendo estar relacionadas a problemas circulatórios, neurológicos (em até 20% dos casos), anatômicos ou estruturais, distúrbios hormonais e problemas psicológicos, podendo, ainda, ser induzida por drogas.
Houve aumento de casos de disfunção erétil durante a pandemia do novo coronavírus?
Na rotina diária temos observado aumento da incidência neste período de pandemia. A maioria dos casos corresponde a questões psicológicas.
Muitos perderam o emprego ou não conseguiram segurar a parte financeira, não têm mais contato com amigos, família e parentes ou amigos faleceram. Tudo isso traz ansiedade para a pessoa e acaba se refletindo no sintoma psicossomático, exteriorizando esse estresse na parte da sua masculinidade.
Há relação direta entre impotência e Covid-19?
Não existe um trabalho específico na literatura relacionando o novo coronavírus com disfunção erétil. Uma questão importante que tem sido debatida é a disfunção erétil em alguns pacientes que tiveram formas graves da Covid-19, decorrente de alterações vasculares provocadas pelo novo coronavírus. Entretanto, estudos são necessários para comprovar esta correlação.
Em que idade a disfunção erétil é mais comum?
A disfunção erétil pode ocorrer desde o início da vida sexual, mas é mais prevalente em pessoas idosas. Segundo pesquisas da Sociedade Brasileira de Urologia, cerca de metade dos homens com mais de 40 anos apresentam queixas relacionadas à ereção.
Estudos norte-americanos mostram uma prevalência de disfunção erétil pelo menos leve, em torno de 40%, aos 40 anos e de quase 70% aos 70 anos.
Em que consiste o tratamento?
O tratamento depende da causa ligada à disfunção erétil. Quando a causa é psicológica, apenas uma boa orientação pode ser suficiente para melhorar a situação, mas muitas vezes temos de recorrer à terapia sexual breve, que é realizada em geral entre dois e seis meses visando diminuir a ansiedade em relação ao sexo e o chamado “temor de desempenho”, que é o medo de entrar na relação sexual e não conseguir a ereção.
O assunto ainda é tabu entre os homens ou eles estão mais esclarecidos?
Ainda temos muitos tabus envolvendo a sexualidade masculina, mas atualmente os homens têm procurado conversar mais com o médico sobre este quadro.
Nas consultas de rotina com o urologista é sempre importante ser abordada a questão sexual. O paciente com qualquer queixa ligada à área deve procurar um urologista para avaliação.
É necessário tomar medicamento para sempre?
Alguns casos podem ser corrigidos com tratamento da doença de base e não necessariamente os pacientes precisam tomar medicamentos durante toda a vida.
Pergunta dos Leitores
Estimulantes como Viagra e afins são indicados?
Rodrigo Vieira, 68 anos, aposentado
São facilitadores da ereção e necessitam de desejo e estímulo para que a ereção ocorra. Devem ser tomados em torno de uma hora antes da relação. Quando esses medicamentos não dão bom resultado, a segunda linha de tratamento são medicamentos que podem ser injetados dentro do pênis.
Visitas regulares ao urologista podem retardar ou evitar o problema?
Paulo Ricardo Amorim, 47 anos, portuário
Homens a partir dos 45-50 anos de idade devem ir anualmente ao urologista para consulta de rotina. Questões ligadas aos hábitos de vida como alimentação saudável, controle de doenças, exercícios físicos regulares e abandono do tabagismo são os principais fatores que podem retardar ou evitar o problema.
Saiba mais
Disfunção erétil em números
- Estima-se que 100 milhões de homens no mundo apresentem disfunção erétil.
- A maioria dos problemas de ereção ocorre com os homens com 40 anos ou mais.
- No Brasil, a prevalência de disfunção erétil se aproxima de 50% após os 40 anos, algo em torno de 16 milhões de homens.
Fique por dentro
- A disfunção erétil ou impotência sexual é uma dificuldade de manter a ereção peniana suficiente para a penetração ou de manter relação sexual de forma satisfatória para o casal.
- São fatores de risco comuns as doenças cardiovasculares (como hipertensão arterial) e outros como o sedentarismo, o diabetes, a obesidade, o tabagismo, o colesterol alto e a síndrome metabólica.
- Existe também uma situação comum que pode afetar a ereção, principalmente em relações sexuais casuais, conhecida como “ansiedade de performance” ou medo de falhar.
Psicogênico - Relativo a ou próprio de fenômenos somáticos com origem psíquica
Tabu - Termo relacionado com a proibição, censura, perigo e impureza
Os números
- 30% dos homens em qualquer idade têm impotência
- 70 anos é a partir dessa idade que o problema é mais frequente
- 50% dos homens com mais de 40 anos têm disfunção