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Cidades

Vozes cantam a história do Espírito Santo

Coral Santa Cecília, fundado há 79 anos em Venda Nova do Imigrante, é o mais antigo em atividade, afirmam pesquisadores


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Imagem ilustrativa da imagem Vozes cantam a história do Espírito Santo
Integrantes do Coral Santa Cecília, que foi criado em 1944 por descendentes de imigrantes italianos |  Foto: Clóvis Rangel

Fundado há 79 anos em Venda Nova do Imigrante, o Coral Santa Cecília é, segundo pesquisadores,  o mais antigo em atividades ininterruptas, e seus integrantes são donos das vozes que cantam a história do Estado.

“Não temos provas de outro coral que nunca tenha parado suas atividades durante algum tempo.  O grupo se apresenta desde sua fundação, em 1944, em cidades brasileiras e até já cantou na Itália”, afirmou a historiadora Joana Francisco.

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A criação do grupo, cujo nome completo é Escola Dramática e Musical Santa Cecília, teve relação com a religiosidade. O então recém-criado coral, que se chamava Grupo da Cantoria, se reunia para cantar nas igrejas em latim, idioma mantido até hoje nas apresentações.

“No início, o grupo surgiu em virtude da religiosidade do povo. O objetivo era cantar nos momentos litúrgicos na Igreja Católica. Com o passar do tempo, o repertório foi se diversificando e, hoje, cantamos em aniversários, casamentos e festas na região e até fora do Brasil”, contou o atual vice-presidente do coral, Aldo Filgueiras,  de 20 anos.

Ainda segundo Aldo, o coral já gravou um CD e dois DVDs. Todos produzidos com recursos de projetos culturais. Quando comemorou 70 anos,  lançou um kit com um livro contando a história do grupo, um DVD com um documentário e um suplemento com as partituras das canções mais antigas e mais conhecidas do Santa Cecília.

Atualmente, a média de idade dos 36 membros do Santa Cecília é mista, entre 11 e 85 anos. E há quem esteja no grupo há mais de 50  anos. Tarcísio Caliman, de 70 anos, é um deles. Com tantos anos de música e dedicação ao grupo, algumas histórias ficaram na memória.

“Sou um ex-seminarista e peguei gosto pela música no seminário. Lá, aprendi a cantar, tocar instrumentos e escrever. Além disso, minha família sempre foi muito religiosa. Foi por meio do meu avô e do meu pai que conheci o coral. Quando voltei para Venda Nova, entrei para o grupo e não saí mais. O coral é um patrimônio de Venda Nova”.

Tem até livro e documentário

A comunidade de Venda Nova do Imigrante recebeu, no dia 19 de fevereiro de 2014,  no Centro Cultural da cidade, o governador do Estado, Renato Casagrande, o presidente do Instituto Sincades, Idalberto Moro, e o então embaixador da Itália no Brasil, Raffaele Trombetta, para o lançamento do documentário e do livro sobre os 70 anos do Coral Santa Cecília. 

“Executado pelo Instituto Sincades, em parceria com o governo do Estado, o material conta a história da preservação de uma cultura que tem grande presença na formação social, histórica e econômica do Espírito Santo”, revelou Idalberto Moro.  

Segundo ele, o evento foi marcado pela apresentação do Coral, que “emocionou e contagiou o público, formado, em sua maioria, por moradores descendentes de italianos”. 

Na oportunidade, Idalberto destacou  a forte presença da Itália no Espírito Santo. 

“Ficamos  felizes em poder ter lançado este livro e documentário que registram a história deste tradicional Coral de Venda Nova do Imigrante. A presença do embaixador da Itália refletiu a força dessa comunidade, que representa as tradições daquele país”, pontuou.

Ainda de acordo com Idalberto, o livro, o documentário e o suplemento com as partituras das canções mais antigas e mais conhecidas do Coral foram distribuídos em kits, que foram doados aos convidados  e também foram entregues em bibliotecas públicas do Estado.

“Queremos renovação para o futuro”

Para o futuro, o Coral Santa Cecília deseja renovação, de acordo com o atual vice-presidente Aldo Filgueiras. “Queremos renovação. Nosso sonho é que haja em Venda Nova do Imigrante e dentro do próprio coral um trabalho de inovação, porque o Santa Cecília é, hoje, o maior patrimônio cultural e histórico de Venda Nova. Queremos também que venha gente nova”. 

Ele  afirmou ainda que a internet será uma aliada nessa nova fase do coral. “Eu estudo Marketing e me formo em junho. Estamos com um projeto de revitalizar o Coral, fazendo um trabalho nas redes sociais e até de reativar o Coral Dom Bosco, que é só para jovens”. 

Para a secretária municipal de Turismo, Cultura e Artesanato de Venda Nova do Imigrante, Licia Caliman, o coral Santa Cecília faz parte da história do município. 

“No início, tinham somente um harmônio como instrumento, que ficava em casa para ensaiar e era levado para os lugares no dia das apresentações. Um dos membros do coral, Benjamim Falqueto, já falecido, foi o autor do Hino Municipal de Venda Nova do Imigrante. Sendo assim, a história de Venda Nova e do coral se entrelaçam”.

Linha do tempo

1944

Foi naquele ano que descendentes de imigrantes italianos se uniram para formar o coral Santa Cecília.

1946

Não havia normas a serem cumpridas por todos para o bom andamento das atividades. Essas normas ficaram expressas no Regulamento da Cantoria, publicado em 29 de janeiro de 1946.

No mesmo ano, a Escola Dramática e Musical Santa Cecília expandiu suas atividades para fora de Venda Nova, quando foram se apresentar em São Paulo de Aracê, em Domingos Martins.

1959

Por meio de estatuto próprio e registro, a então associação Escola Dramática e Musical Santa Cecília passa a ter uma organização jurídica composta por presidente, secretários e tesoureiro.

1960 até 2010

O grupo encenou cerca de 30 peças em Venda Nova e outras cidades capixabas e teve sua época áurea entre os anos de 1960 e 1970.

1992

Turnê por algumas cidades da Itália.

2019

Lançamento do livro e filme em comemoração aos 70 anos de coral.

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