Vitória pode ter imóveis do Minha Casa, Minha Vida
Empresas buscam terrenos para prédios com apartamentos de até R$ 350 mil. Para comprar, renda familiar pode chegar a R$ 8 mil
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Regiões da Grande São Pedro, Santo Antônio, Tabuazeiro, Maruípe, Goiabeiras, Maria Ortiz e Ilha de Santa Maria, em Vitória, estão no radar de empresas que pretendem construir empreendimentos de até R$ 350 mil pelo programa Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
Os apartamentos serão destinados as faixas 2 (com renda bruta familiar mensal de R$ 2.640,01 a R$ 4,4 mil) e 3 (para aqueles que têm renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 a R$ 8 mil).
Presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz, cita duas construtoras que estão em busca de terrenos na capital.
“Temos informações de que a Ilha e Cobra Engenharia estão prospectando terrenos nessas regiões, conversando com corretores, vendo onde tem placas de vendas, valores. Os imóveis são destinados a Faixa 2, em sua maioria, mas também terá unidades voltadas para a Faixa 3”, contou Douglas Vaz.
Considerando o padrão dos imóveis que podem ser construídos dentro dessas faixas de renda e a localização, ele estima que a demanda será grande.
“São bairros bem localizados e com preço do metro quadrado menor, se comparado com outras localidades na capital”, disse o presidente do Sinduscon.
Ele conta ainda que os empreendimentos fomentam o setor de comércio e serviços, permitindo a instalação de novos negócios no entorno.
Joacyr Guimarães Meriguetti, diretor do Sinduscon e sócio da Cobra Engenharia, confirma que a empresa está prospectando terrenos. “Se você observar hoje, Vitória é uma cidade que não recebeu empreendimentos do Minha Casa, Minha Vida em função de escassez de terreno. Acho que a região da Grande São Pedro é maravilhosa. A Prefeitura está investindo muito na região. A dificuldade do setor sempre foi conseguir terrenos com preço compatível para poder construir imóveis do programa. Estamos prospectando”.
A Cit Construtora também sonda terrenos para construir duas mil unidades de dois quartos em bairros como Grande São Pedro, Tabuazeiro, região de Maruípe e Goiabeiras.
Você sabia?
Se o martelo for batido, os empreendimentos construídos serão destinados as faixas 2 (com renda bruta familiar mensal de R$ 2.640,01 a R$ 4,4 mil) e 3 (para aqueles que têm renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 a R$ 8 mil).
Saiba mais
O Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) é uma iniciativa habitacional do governo federal do Brasil, criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em março de 2009.
Gerenciado pelo Ministério das Cidades, o programa oferece subsídios e taxas de juros reduzidas para tornar mais acessível a aquisição de moradias populares, tanto em áreas urbanas quanto rurais, com o objetivo de combater o déficit habitacional no País.
Faixas de renda
Áreas urbanas
Faixa 1: renda bruta familiar mensal até R$ 2.640;
Faixa 2: renda bruta familiar mensal de R$ 2.640,01 a R$ 4,4 mil;
Faixa 3: renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 a R$ 8 mil.
Valor do imóvel
Linha de Atendimento Financiada (Faixas 1, 2 e 3)
Para empreendimentos que contemplem a Faixa 1 e 2 as unidades habitacionais podem chegar até o valor de R$ 264 mil.
Para Empreendimentos que contemplem a Faixa 3 as unidades habitacionais podem chegar até o valor de R$ 350 mil.
Bairros em Vitória
Entre os bairros que estão sendo sondados por construtoras para construir empreendimentos do programa para faixas 2 e 3, estão:
Grande São Pedro, incluindo bairros como Joana D'Arc e Resistência
Região de Santo Antonio, como Caratoíra, Mário Cypreste
Tabuazeiro
Região de Maruípe
Goiabeiras e entorno
Maria Ortiz
Ilha de Santa Maria
Fonte: Sinduscon-ES e empresários do setor
Limite deve subir para 12 mil
O governo federal estuda ampliar para R$ 12 mil a faixa de renda permitida para participar do programa Minha Casa, Minha Vida.
O anúncio foi feito em novembro do ano passado. À reportagem, o Ministério das Cidades informou ontem que o estudo segue em andamento e ainda não tem data para ser divulgado.
Nas áreas urbanas, o programa habitacional é voltado às famílias com renda mensal bruta de até R$ 8 mil. Para as famílias que moram em áreas rurais, o governo estabelece como teto uma renda bruta anual de até R$ 96 mil, que na prática também fica em R$ 8 mil por mês.
Hotel Canto do Sol vai virar condomínio de alto padrão
Fechado desde 2015, o Hotel Canto do Sol, localizado na Praia de Camburi, em Vitória, vai virar um condomínio de alto padrão.
A reportagem apurou que os ajustes finais sobre a venda estão sendo feitos pela construtora capixaba Mivita, e os valores da negociação serão divulgados em breve.
Por nota, a Mivita informou que valores como ética e transparência são premissas inegociáveis em sua relação com o mercado, com parceiros e investidores.
“Nesse sentido, julga fundamental esclarecer que a compra da área do Hotel Canto do Sol, em Camburi, está em etapas avançadas de diligências e questões burocráticas”.
Por fim, a Mivita reforçou que o negócio faz parte da estratégia da empresa para desenvolvimento de novos produtos, contribuindo para o fortalecimento do mercado imobiliário capixaba.
No setor, empresários dão como certa a venda do local.
“Sem dúvida, a venda do Hotel Canto do Sol representa uma ótima notícia para o segmento”, disse o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Espírito Santo (Sinduscon-ES), Douglas Vaz.
Em Jardim Camburi, no terreno do antigo cerimonial Lago de Garda, na rua Carlos Martins, a Mivita está construindo também o Lago by Mivita. Lá, as unidades custam em média R$ 1,8 milhão.
Análise - Mayara Nogueira, presidente da Comissão de Direitos Sociais da OAB-ES
“Democratização do direito à cidade”
“O direito à moradia foi reconhecido enquanto direito fundamental com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em 1948. Isso significa dizer que todas as pessoas devem ter acesso à moradia.
De acordo com a ONU, uma moradia é considerada ‘adequada’ quando observa condições de salubridade, de segurança, de atendimento a serviços públicos essenciais, sanitários, por exemplo. É nesse contexto que o Programa Minha Casa, Minha Vida se insere: enquanto um programa social que tem por objetivo efetivar o acesso a esse direito.
Implementado em 2009, hoje podemos fazer uma análise retrospectiva de alguns pontos que merecem ser discutidos para o aprimoramento de uma das maiores políticas públicas de nosso País.
Muitas das residências e conjuntos foram erguidos nas periferias dos centros urbanos, com pouca infraestrutura, longe de equipamentos públicos e com carência de transporte. É necessário que pensemos em um modelo que democratize o direito à cidade”.
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