Vítimas de chantagem por fotos e vídeos íntimos vão à policia denunciar ameaças
Casos de ameaça de divulgação de imagens íntimas, para forçar alguém a fazer o que se pede, têm aumentado nos últimos anos
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Crime em que a arma usada para chantagear e forçar as vítimas a fazer o que se pede são imagens e fotos íntimas, a chamada “sextorsão” tem levado cada vez mais homens e mulheres a buscarem a polícia.
A prática — que se configura por ameaçar a divulgação de imagens íntimas para forçar alguém a fazer algo ou pagar valores — tem crescido nos últimos anos.
Em parte dos casos, os autores mantiveram relacionamentos com as vítimas, obtendo as imagens com ou sem autorização delas. Após o término, usam o material para chantagear e humilhar.
Outros casos são de pessoas que mantêm conversas pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. Elas enviam imagens íntimas, depois usadas para chantagear as vítimas em troca de valores.
O titular da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), delegado Brenno Andrade, explicou que esses casos têm chegado mais à delegacia, e os autores, quando identificados, respondem por crimes como de extorsão. “Caso ocorra a propagação das imagens, ainda podem responder por divulgar cena de sexo ou de pornografia”.
Ele revelou que a “sextorsão” não é uma prática nova. “Recebemos tanto os casos em que as vítimas tinham relacionamento e, depois do término, houve a divulgação das imagens, quanto situações em que pessoas começam um bate-papo virtual e, em determinado momento, enviam vídeo íntimo”.
Como forma de se proteger, o delegado orienta que as pessoas não se exponham, mesmo achando que conhecem o outro.
“Nunca envie fotos e vídeos mostrando o rosto ou sinais que identifique quem é. A realidade é que só se conhece a pessoa depois que não se está mais com ela”.
Ele acrescentou que um dos casos que chegou até a delegacia foi o de uma mulher que teve as imagens íntimas divulgadas, mostrando o seu local de trabalho e nome da empresa ao fundo.
O advogado Sandro Câmara ressaltou que o que se tem visto é que essas ocorrências — como em todos os crimes cibernéticos — têm sido registradas com mais frequência a partir da evolução tecnológica e da inteligência artificial. Ele citou a possibilidade de manipulação de imagem e a invasão de dispositivos eletrônicos.
“Isso exige da sociedade civil, dos provedores de internet, posições muito mais proativas para evitar e para reprimir quando esses atos ocorrem”.
Casos de sextorsão
Falso adolescente
Um homem de 30 anos se passou por adolescente e entrou em um grupo de fãs de uma banda coreana famosa, entre meninas.
No grupo, ele conheceu uma menina de 13 anos e passou a conversar com ela em particular, no WhatsApp. A garota tirou foto dos seios e mandou. A partir daí, o falso adolescente começou a chantageá-la para que enviasse novas fotos e vídeos. O caso só terminou após os pais descobrirem, por meio de aplicativo.
Chantagem e ameaças
Um jovem de 19 anos foi preso no último dia 3 por estupro qualificado, lesão corporal, perseguição e furto, cometidos contra sua ex-namorada, de 16 anos.
A delegada adjunta da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Gabriela Enne, revelou que o jovem ainda é suspeito de chantagear a vítima a continuar tendo relações sexuais com ele, sob a condição de não divulgar vídeo íntimo gravado sem que a ex-namorada soubesse. O casal estava junto há cerca de 2 anos e, segundo a delegada, quando a adolescente tentou terminar, começou a receber ameaças.
Encontro
Um homem de 38 anos foi preso na última terça-feira, em São Paulo, por extorquir um jovem, de 18 anos, após um encontro sexual marcado por aplicativo.
Segundo a Polícia Civil, após o encontro, o homem passou a mandar mensagens em tom de ameaça para o jovem, exigindo um novo encontro.
A vítima afirma que o suspeito fez vídeos dos momentos íntimos e dizia que iria divulgá-los. A vítima procurou a polícia.
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