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Cidades

Vida dedicada ao “ouro branco” no Espírito Santo

Aos 95 anos, Vitório Benincá acorda de madrugada todos os dias para trabalhar na produção do leite e nem pensa em aposentadoria


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Imagem ilustrativa da imagem Vida dedicada ao “ouro branco” no Espírito Santo
O pecuarista Vitório Benincá conta que começou sua produção com 40 vacas, em janeiro de 1950 |  Foto: Clóvis Rangel / AT

O pecuarista Vitório Benincá nem pensa em aposentadoria. Aos 95 anos, ele acorda de madrugada todos os dias para auxiliar na ordenha de vacas e dedicou sua vida ao “ouro branco”, como ele chama o leite que seu rebanho produz em sua propriedade, localizada em São Vicente, zona rural de Alfredo Chaves.

Saudosista, “seu Vitório”, como ele é conhecido, revela que a vida no ramo da pecuária teve início há mais de 70 anos e frisa que, apesar do sucesso na área, não foi alfabetizado.

“Comprei uma fazenda aqui e tomei posse dela em 2 de janeiro de 1950. Na época, compramos a terra e 40 vacas. Nunca fui para escola em nenhum um dia. Depois que eu casei, minha finada esposa me ensinou a assinar meu nome”.  

Descendente dos primeiros imigrantes europeus que vieram povoar as montanhas capixabas, seu Vitório disse que seu avô, que era italiano, foi quem introduziu a pecuária de leite na família. 

“Meu avô tinha uma propriedade em Ibitiruí, aqui no interior de Alfredo Chaves, onde tinha um curral que ele tirava leite das vacas. Comecei a tirar leite pequeno. Tirei leite por 73 anos sem parar”. 

Viúvo, seu Vitório revelou que criou seus seis filhos e manteve sua família com o dinheiro vindo do lucro da venda do “ouro branco”. “Tirava o leite e vendia de porta em porta, no litro. Foi assim que fui bancando a vida, minha família”.  

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Produção de leite m São Vicente, zona rural de Alfredo Chaves |  Foto: Roberta Bourguignon / AT

As vendas do leite evoluíram e isso fez com que ele ingressasse em uma família ainda maior. Há 60 anos, ele e mais alguns pecuaristas ajudaram a fundar a Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves (Clac) e ele garantiu que o primeiro carregamento de leite a chegar nos tanques  foi dele.  

“O primeiro leite que chegou na Clac foi o das minhas vaquinhas  e envio leite até  hoje”. Todo o trabalho de ordenhar, alimentar e manejar os animais da propriedade de seu Vitório é feito com o auxílio do filho Luciano Benincá.

Segundo Luciano, hoje a família mantém um rebanho com cerca de 100 vacas das raças Girolando e Guzolando, que produzem, em média, 200 litros por dia. “Mas já produzimos mais. O pasto está seco”.

UNIÃO DE AMIGOS PARA FUNDAR COOPERATIVA

Na década de 60, uma grande dificuldade era vender e escoar o leite produzido. Para mudar esse cenário, seu Vitório e mais 35 amigos pecuaristas se uniram e fundaram a Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves (Clac), em  1962. 

“Naquela época, cheguei a mandar de 150 a 200 litros de leite por dia para eles lá da Clac, e tudo no lombo de burrinho de carga. A Clac facilitou a venda do nosso leite”, disse Vitório.

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Rolmar Botechia: diversificação |  Foto: Roberta Bourguignon / AT

O cooperativismo levou diversos outros benefícios para a família do pecuarista. Na opinião de Luciano Benincá, o acesso à assistência técnica promovida pela Clac é fundamental para evolução do trabalho.

“Numa cooperativa, todos podem aquilo que pode um. Além isso, conhecimento técnico é muito importante para a melhora do nosso trabalho. Aprendemos muitas técnicas e as colocamos em prática. Trabalhamos para melhorar o solo e o resultado foi em mais pastagem para os animais se alimentarem. São muitos aprendizados que nos proporcionaram ter hoje menos trabalho e mais resultados”.

O vice-presidente da Clac, Luciano Luís Grasse, explicou que a cooperativa fomenta um projeto de fertilização in vitro de bovinos com sêmen de touro holandês, em parceria com o Sebrae, que custeia 70% do valor do procedimento e a cooperativa arca com 10%, restando 20% para o produtor pagar.

Cooperativas faturaram R$ 1,2 bilhão em 2020

De acordo com o Sistema OCB/ES, as cooperativas do segmento de leite no Espírito Santo faturaram R$ 1,281 bilhão em 2020 com seus negócios. 

Além disso, o volume de quase 190 milhões de litros de leite adquiridos pelas cooperativas dos produtores correspondeu a 48,4% dos 392,4 milhões de litros da produção de leite no Estado no período, segundo dados da Pesquisa da Pecuária Municipal, do IBGE. 

Ainda de acordo com o Sistema OCB/ES, o leite é o segundo produto em ordem de faturamento do cooperativismo capixaba. “As nossas cooperativas desempenham um papel importante no mercado leiteiro, trazendo inovações, ampliando sua atuação, diversificando  seus produtos”, disse o superintendente do Sistema OCB/ES, Carlos André Santos de Oliveira.

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Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves (Clac) foi fundada em 1962, por um grupo de 36 pessoas |  Foto: Clóvis Rangel / AT

Comemoração

No seu primeiro mês de fundação, em novembro de 1962, a Cooperativa de Laticínios de Alfredo Chaves recebeu cerca de 50 litros de leite. Hoje, é recebido em média 1 milhão de litros  por mês. Um marco a ser comemorado,  diz o diretor da cooperativa, Rolmar Botechia.

“Além do crescimento na quantidade de leite produzido, a Clac expandiu em diversas frentes. Uma delas foi com a indústria de derivados do leite”. De todo o leite recebido pelos cooperados, 50% é transformado em queijos, iogurtes, manteiga, leite UHT e requeijão.

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