Vem aí novo remédio para tratar déficit de atenção
Batizado de Atentah, medicamento deve chegar às farmácias entre o final deste ano e o início de 2024. Preço está sendo definido
Escute essa reportagem
Um novo medicamento para auxiliar no tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) chegará às farmácias brasileiras entre o final deste ano e início do ano que vem.
Utilizada nos Estados Unidos desde 2002, a atomoxetina é uma molécula que está chegando para pacientes por meio da Apsen Farmacêutica com o nome comercial Atentah. Trata-se do primeiro medicamento não estimulante para tratar a condição aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Daniel Segenreich, psiquiatra e professor adjunto do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Petrópolis, disse que a atomoxetina tem um resultado bastante positivo e com menos efeitos colaterais em relação aos medicamentos estimulantes que são tradicionalmente utilizados. Dessa maneira, é ideal para pacientes que têm comorbidades como ansiedade e depressão.
Ele deu o exemplo de pessoas que têm tiques. “Medicações estimulantes para TDAH podem aumentar a frequência de tiques, e às vezes é tão angustiante que piora a atenção do paciente. A atomoxetina não tem ação sobre uma determinada região do cérebro que quando é ativada aumenta as chances do tique”.
Em relação a quem tem ansiedade, Sergio Nolasco, psiquiatra especialista em Psiquiatria Infantil pela Unicamp, disse que os estimulantes, no início do tratamento, tendem a piorar o quadro ansioso do paciente, para depois melhorar. “A atomoxetina consegue driblar um pouco isso”, afirmou. O profissional disse que a medicação também reduz o risco de dependência.
As informações sobre o novo tratamento foram divulgadas ao longo de um evento em São Paulo da campanha “TDAH Levado a Sério”, criada pela Apsen com o objetivo de levar conhecimento para pacientes e cuidadores sobre os sintomas e diagnóstico precoce.
Transtorno pode causar até acidentes de trânsito
O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) não afeta apenas os mais novos, reforçam os médicos. De acordo com pesquisas, a prevalência mundial em crianças e adolescentes é de 5,9%, sendo que na fase adulta 2,5% daqueles que tinham TDAH quando jovens continuam com os sintomas do transtorno.
Sergio Nolasco, psiquiatra especialista em Psiquiatria Infantil pela Unicamp, afirmou que desatenção, hiperatividade e impulsividade, assim como afetam a vida de uma criança e adolescente de maneira negativa, também geram problemas para os mais velhos.
“Há mais acidentes de trânsito, mais multas e mais acidentes com vítimas fatais. Mais problemas legais. Um grupo de acompanhamento mostrou que norte-americanos tinham um custo de 300 dólares por ano em questões legais. Quando era analisado um grupo de pessoas com TDAH, o valor subia para em torno de 37 mil dólares por ano de custo legal”.
Outro problema é a dificuldade de estabelecer hierarquias. “As pessoas frequentemente começam a fazer uma atividade, se distraem com outras e quando chega no final do dia, pensam: ‘tudo o que eu tinha de importante para fazer, eu não fiz’”, comentou.
Sergio explicou que quem tem TDAH muda mais de emprego porque, provavelmente, se desinteressa pela atividade. “É muito mais comum mudar de emprego, começar um negócio, só que antes do negócio vingar, desiste e começa a fazer outra atividade. Isso cumulativamente vai dando resultados negativos para as pessoas”.
As relações pessoais também são prejudicadas. “Normalmente, quem tem TDAH tem mais baixa autoestima, maior número de relacionamentos, parceiros sexuais e divórcios. Tem mais risco de transtorno de personalidade, mais doenças sexualmente transmissíveis e mais dependências químicas”, ressalta.
O profissional concluiu: “O TDAH traz prejuízos acadêmicos, sociais, familiares e laborais. Todas as áreas do indivíduo tendem a ser comprometidas significativamente”. De acordo com ele, quanto mais cedo o tratamento for iniciado, melhor a condição de vida do paciente.
FIQUE POR DENTROTDAH
É um distúrbio neurobiológico de causas genéticas que normalmente aparece na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a sua vida.
De acordo com especialistas, o transtorno pode estar relacionado a ligações gênicas e familiares.
Seus sintomas são: falta de atenção, inquietação e impulsividade. Mas nem sempre quem tem esses sintomas têm TDAH. O diagnóstico é complexo e deve ser feito por profissionais especializados.
Tratamento
O tratamento é realizado com medicamentos e também psicoterapia.
Atualmente, os medicamentos disponíveis para tratar o TDAH no Brasil são estimulantes, como o metilfenidato (Ritalina, nome comercial) e o lisdexanfetamina (Venvanse, nome comercial).
Em breve, no final do ano, ou no início de 2024, estará disponível uma nova opção de tratamento por meio da Apsen Farmacêutica.
Ela disponibilizará o remédio Atentah, molécula de atomoxetina, que é um medicamento não estimulante, tendo menos efeitos colaterais (como o aumento de “tiques” e maior sensação de ansiedade) e menos risco de dependência.
É importante ressaltar que a atomoxetina é utilizada nos Estados Unidos desde 2002. Especialistas afirmam que ela tem um ótimo resultado no tratamento contra TDAH.
De acordo com Williams Ramos, gerente médico da Apsen, o valor do medicamento está sendo definido na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).
eLe Adiantou que o valor estará na média dos produtos que estão hoje no mercado. Em comparação, uma caixa de Venvanse com 28 cápsulas de 30 mg custa na casa dos R$ 350.
A atomoxetina vem em forma de cápsulas para administração oral e deve ser tomada uma vez no dia.
Precisa de prescrição médica.
Apsen
Existe há mais de 50 anos e está entre as 10 maiores indústrias farmacêuticas nacionais do País.
Lançou a campanha “TDAH Levado a Sério” para alertar sobre os principais sintomas e o diagnóstico do transtorno, levando informações para pacientes e cuidadores sobre os sintomas e diagnóstico precoce do problema.
Fonte: Especialistas consultados.
Comentários