Vantagens e perrengues de ser solteira depois dos 40 anos
Algumas mulheres sentem pressão social e medo da solidão, outras encaram essa fase como liberdade, explicam especialistas

Estar solteira depois dos 40 anos tem seu lado bom e ruim. Mulheres contam que há a liberdade de fazer o que quiser e a maturidade na hora de selecionar um novo parceiro. Mas os perrengues? São muitos.
“É a melhor coisa do mundo”, conta a empresária e influenciadora Roberta Borsoi. Aos 43 anos, ela está vivendo a “lua de mel” da solteirice. Faz três meses que seu relacionamento terminou.
“Vivi casada a vida inteira. Consegui me libertar e agora só quero sair para curtir”.
Após o fim do relacionamento, Roberta conta que começou a sair mais, se arrumar e fazer aula de forró. “Estou fazendo tudo que tenho vontade e que não podia antes porque ele morria de ciúme”.
Técnica de enfermagem, Elbia Miguel Alves, 50, está solteira há mais tempo que Roberta: sete anos. No início, após 18 anos de casamento, conta que foi como uma “carta de alforria”.
“Hoje já me sinto mais preparada para ter um relacionamento. Mas há desafios. Na minha época de juventude existia aquela questão de conquista, todo um encantamento. Agora, com os aplicativos, não é mais assim. Qualquer dificuldade as pessoas trocam”.
Solteira, Evelyn Ferreira, 40, conta que já passou por muitos perrengues em encontros. Desde homens que não contam que são casados até aqueles que se fingem de “desentendidos” na hora de pagar a conta.
Depois de morar junto cinco vezes, Evelyn decidiu passar um tempo solteira, para “cuidar de si”. Também conta que já foi cobrada pela família para encontrar um romance.
“Essa pressão social para a mulher ter um relacionamento existe e pode impactar diretamente a autoestima e a saúde mental, gerando sentimentos de inadequação, culpa ou até isolamento social”, analisa a psicóloga Layza Rockenbach. Ela observa, em sua clínica, duas situações.
“Algumas mulheres sentem pressão social e medo da solidão. Mas, ao mesmo tempo, muitas ressignificam essa fase como liberdade, maturidade e oportunidade de viver relacionamentos de forma mais consciente e sem cobranças externas”.
Ela destaca ainda que uma das diferenças nessa idade é a clareza. “Com mais maturidade, sabe-se melhor o que se quer e o que não se aceita em uma relação”.
Encontro termina no hospital

Solteira, como diz, “há muitos anos”, a psicóloga Daniele Rubim,41 anos, já passou por vários perrengues. Um deles, relata, foi um primeiro encontro.
“Fui num 'date' em que o menino estava passando mal com febre. Ele era super comunicativo, mas estava meio abatido. No final, decidi que não ia dar certo. Foi quando ele me contou que estava doente. Resultado: acompanhei ele no hospital e acabamos virando amigos”.
Inspirada em práticas do Rio de Janeiro, também já tentou criar uma comunidade no Instagram para corredores se conhecerem.
“Em outros lugares era comum. A ideia era juntar o povo que gosta de correr e é solteiro. Mas não deu certo”, conta.
"Tomo meu vinho em casa, danço"

Aos 49, com dois casamentos na bagagem, a jornalista Naira Scardua está solteira há três anos. Ela também conta que já passou por várias situações.
“Já aconteceu da pessoa combinar de rachar a conta comigo, dar uma desculpa e nunca enviar o Pix. Tem homens que só querem ficar no WhatsApp tendo conversas picantes. Tô fora!”.
Ela explica que com a maturidade, as pessoas ficam mais seletivas e aprendem que não têm que aguentar tudo por um relacionamento. “Tomo meu vinho em casa, danço, viajo. Não tenho problema em fazer as coisas sozinha. Estou num momento em que, se não for um encaixe na vida, não vale a pena. Sobre isso e outros assuntos do universo feminino falo no meu perfil @fala.mulherao”.
Todo mundo enfrenta
Desafios da solteirice aos 40+
Roteiro “furado”
Lidar com a quebra de expectativas de vida – aquela ideia de que tudo devia ter seguido um roteiro – pode causar frustração.
Match ou frustração?
Aplicativos e redes sociais ampliam possibilidades, mas também trazem relações passageiras, superficialidade e o famoso “joguinho do desinteresse”.
E os filhos?
A pressão social e familiar bate forte. Perguntas como “já era para estar casada” ou “e os filhos?” podem gerar estresse e insegurança.
Cadê todo mundo?
A sensação de solidão aparece quando amigos e familiares estão em relacionamentos ou têm filhos, fazendo você se sentir isolada. Ou quando você procura aquela companhia para passear.
Difícil achar “alguém que preste”
Nem sempre é fácil encontrar pessoas com objetivos e valores compatíveis. Ainda mais quando todos têm, na palma da mão, a chance de passar para o próximo relacionamento.
Pressão
Expectativas e preconceito em relação à idade e aos papéis nos relacionamentos podem impactar emocionalmente.
Fracasso? Nem pensar!
O maior desafio interno é romper o estigma de que estar solteira é sinal de fracasso. A mulher precisa se perceber completa por si só.
Fonte: Psicólogas Anne Leal e Layza Rockenbach.
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