Transporte público é o vilão da transmissão por ômicron
Pesquisa mostra que a taxa de renovação de ar em ônibus, trens e metrôs é insuficiente para eliminar gotículas contaminadas por vírus
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Não é de hoje que os passageiros do Sistema Transcol reclamam da superlotação dos ônibus na Grande Vitória, principalmente em horários de pico, e da preocupação com a nova variante do novo coronavírus, a ômicron.
Essa preocupação pode ser justificada, de acordo com um estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC). Segundo a pesquisa, o transporte público brasileiro é o grande vilão da disseminação da variante ômicron.
A análise, atualizada em dezembro de 2021, mostra que a taxa de renovação de ar no interior de ônibus, trens e metrôs é insuficiente para a eliminação eficiente das gotículas contaminadas pelo vírus.
Diretor da SBCC e especialista em climatização e refrigeração, Ricardo Salles aponta que a contaminação no transporte público acontece pelo ar, mesmo com as pessoas utilizando máscara contra a covid-19.
“Sabemos que esse vírus fica em flutuação. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) determina que é necessário ter uma renovação de ar no transporte público. O sistema de ar-condicionado precisa ter filtro, e a renovação de ar deve ser constante”.
A pesquisa ilustra que um ônibus, que comporta 45 passageiros sentados e 50 em pé, deve injetar no interior do veículo aproximadamente 243 litros de ar novo a cada segundo para evitar contaminação.
“O que adianta as empresas cuidarem de seus ambientes internos, se todo mundo precisa ir para o trabalho no transporte público?”, questiona Ricardo.
Para a pneumologista Jessica Polese, o problema da transmissão no transporte coletivo seria muito mais pelas aglomerações.
“Claro que, se houvesse uma circulação de ar mais adequada, conseguiríamos diminuir muito a contaminação nesses locais. Mas, se não diminuir a aglomeração, nenhuma circulação de ar será capaz de reduzir a transmissão”, frisa.
Jessica recomenda ainda que para os usuários do sistema coletivo utilizem a máscara N95. “Ela protege mais. O ideal é que todos utilizassem, mas se tiver aglomeração, o risco aumenta”.
A pneumologista Ciléa Victória Martins destaca que a ômicron tem grande capacidade de disseminação e muitos passageiros não respeitam o uso da máscara. “Alguns estão até doentes e com sintomas gripais e desrespeitam as medidas de profilaxia”.
A médica aponta ainda que nos terminais deveria ter maior fiscalização para que não houvesse aglomeração nas filas e nos ônibus.
Estado diz que adota medidas
A Secretaria de Estado de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) informou, por nota, que não teve acesso ao estudo da Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC) .
Destacou, porém, que o Sistema Transcol adotou medidas para diminuir o risco de contágio de covid-19 no transporte coletivo, como higienização dos coletivos com hipoclorito de sódio diluído, higienização e desinfecção diária nos terminais, disponibilização de sabonete nos banheiros e distribuição de máscaras para os passageiros.
Além disso, disse que foi disponibilizado o botão de denúncia de lotação e do não uso de máscara no aplicativo Ônibus GV. Afirmou ainda que o Transcol opera com 100% da frota desde outubro de 2020.
SAIBA MAIS
Pesquisa
- Estudo realizado pela Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC) mostra que o transporte público brasileiro é o grande vilão para a disseminação da variante ômicron, do novo coronavírus.
- O levantamento, atualizado em dezembro de 2021, foi feito a pedido da CNN e mostra que a taxa de renovação de ar no interior de ônibus, trens e metrôs é insuficiente para a eliminação eficiente das gotículas contaminadas pelo vírus.
- O estudo exemplifica que um ônibus com ar-condicionado, que comporta 45 passageiros sentados e 50 em pé, deve injetar no interior do veículo aproximadamente 243 litros de ar novo a cada segundo para evitar uma contaminação.
- Diretor da SBCC e especialista em climatização e refrigeração, Ricardo Salles destaca ainda que em ônibus sem ar-condicionado, a melhor estratégia é evitar a superlotação.
Fonte: SBCC e CNN.
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