Técnicos e auxiliares de enfermagem ameaçam parar atividades
Os técnicos e auxiliares em enfermagem que atuam no Hospital Jayme dos Santos Neves, na Serra, ameaçam paralisar as atividades em protesto à sobrecarga de trabalho, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), baixos salários e corte de benefícios, como pagamento de feriado em dobro. A decisão de entrar em estado de greve foi tomada em assembleia geral extraordinária realizada nesta terça-feira (26), em frente à unidade.
O presidente do Sindicato dos Técnicos e Auxiliares de Enfermagem do Espírito Santo (Sitaen), Osamano Amaral Candido, explicou que, após a reunião com os trabalhadores, o sindicato notificou o hospital apresentando todas as queixas e deu prazo de 72 horas para a empresa se manifestar.
"Caso isso não aconteça, a categoria pode paralisar os trabalhos no Jayme, pois tem esse direito. É importante frisar que essa é uma decisão da categoria. O sindicato é o intermediador, por isso realizamos hoje a assembleia para ouvir as queixas dos trabalhadores. O estado de greve não é uma paralisação, mas sim uma manifestação. Antes dos profissionais pararem as atividades, o hospital tem 72 horas para retornar com as manifestações que foram solicitadas", explicou o presidente. A decisão do estado de greve também será enviada ao Ministério Público do Trabalho.
Com aproximadamente 1000 profissionais, entre técnicos e auxiliares de enfermagem, o Hospital Jayme é referência no atendimento para pacientes com Covid-19 e muitos trabalhadores dessa categoria que contraíram a doença acreditam que o contágio foi dentro do hospital devido à falta de EPIs.
Segundo o presidente, a falta de assistência com os doentes por Covid-19 é outra reclamação. "A maioria diz que a direção do hospital não se importa se eles estão se recuperando bem ou não. Muitos relatam que sequer receberam uma ligação. Além disso, a infecção pela Covid-19 provocou muitos afastamentos. Quem continua trabalhando está com sobrecarga de trabalho e acúmulo de funções", contou Amaral.
Também está entre as queixas das categorias a demissão de técnicos e auxiliares que estão no grupo de risco. "Muitos desses profissionais estão acima dos 60 anos e próximos de se aposentar. A empresa afastou alguns, deu férias para outros e agora está chamando e demitindo-os", disse o presidente.
O salário baixo é outro motivo de insatisfação, já que, segundo o Sitaen, técnicos em enfermagem do hospital ganham pouco mais de R$ 1.200.
À reportagem, o sindicato informou que os trabalhadores relatam que solicitaram ao Governo do Estado que cumprisse a promessa de conceder salário de R$ 2.400 que, de acordo com os técnicos, foi oferecido para quem trabalha em hospitais de referência em Covid-19.
No entanto, o sindicato destaca que em negociação de acordo coletivo entre a entidade e a organização social que administra o hospital, a Associação Evangélica Beneficente Espírito-Santense (Aebes), intermediada pelo Ministério Público do Trabalho (MPT) e acompanhada pelo governo, a empresa ofereceu aumento de 3%. O valor, afirma o sindicato, está abaixo da inflação acumulada de 2019.
A Organização Social (OS), a Associação Evangélica Beneficente Espírito Santense (AEBES), que gerencia o Hospital Estadual Jayme Santos Neves, informou, por meio de nota, que recebeu, às 17 horas, desta quarta-feira (26), uma notificação sobre o movimento paradista do Sindicato de Técnicos e Auxiliares de Enfermagem.
"Esclarece que o documento está em análise da assessoria jurídica, e que peticionou junto ao Ministério Público do Trabalho o pedido para retomada do processo administrativo de mediação junto ao Sindicato. A unidade hospitalar continua em pleno funcionamento, prestando seu serviço com segurança e qualidade à sociedade, especialmente neste momento tão delicado que vivenciamos".
A Ministério Público do Trabalho foi procurado, mas não respondeu até o fechamento da matéria.
Comentários