SUS vai liberar mamografia para mulheres a partir dos 40 anos mesmo sem sintomas
Anúncio feito pelo Ministério da Saúde faz parte de uma série de novas recomendações para a detecção precoce do câncer de mama

O rastreamento do câncer de mama no Sistema Único de Saúde (SUS) vai alcançar mais mulheres: quem tem entre de 40 a 49 anos – mesmo sem sinais ou sintomas de câncer – terá acesso garantido à mamografia.
Nesse caso, não há um período definido para que o exame seja feito e repetido, sendo “sob demanda”, ou seja, em decisão com o profissional de saúde.
A faixa etária de mamografias preventivas, feitas a cada dois anos, também foi ampliada, passando para de 50 a 74 anos — cinco anos a mais do que o limite anterior, que era até os 69 anos.
O anúncio – feito pelo Ministério da Saúde nesta semana – faz parte de uma série de novas recomendações para a detecção precoce da doença.
No Espírito Santo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) informou que, desde outubro de 2024, o exame é recomendado para mulheres a partir dos 40 anos, a cada dois anos.
No Brasil, o câncer de mama é o tipo de tumor mais comum entre as mulheres e representa a principal causa de morte da doença nessa população. Segundo o Ministério, em 2022, o País registrou 19 mil mortes por câncer de mama.
O presidente do Conselho Científico da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), Ricardo Caponero, destacou que a ampliação do acesso, anunciada pelo Ministério da Saúde, traz benefícios aos pacientes.
A oncologista com foco de atuação em tumores femininos do Ellas Oncologia, Aurenivea Cazzotto, ressaltou que a medida é positiva do ponto de vista da detecção precoce.
“As mulheres entre 40 e 49 anos podem se beneficiar do rastreamento, principalmente aquelas com fatores de risco, como histórico familiar de câncer de mama. Essa faixa etária concentra quase 25% dos casos. Portanto, adaptar a recomendação à realidade epidemiológica nacional pode ajudar a salvar mais vidas”.
A mastologista, especialista em radiologia mamária, Karolline Abreu Vilela também recebeu com entusiasmo as novas recomendações. “A inclusão do grupo de mulheres entre 40 e 49 anos no rastreamento mamográfico amplia as chances de diagnóstico precoce e, consequentemente, aumenta de forma significativa a sobrevida.”
Sinais Detectados
Diagnóstico precoce

Foi o acesso à mamografia que garantiu à administradora Scheyla Junca, 51, o diagnóstico precoce de câncer de mama em 2018.
Ela contou que, apesar de ter feito mamografia e ultrassom três meses antes, ela percebeu um caroço na mama e decidiu fazer de novo.
Após o choque inicial do diagnóstico do tipo mais agressivo de câncer de mama, ela foi à luta. Foram 16 sessões de quimioterapia, mastectomia e reconstrução em menos de um ano. Durante o processo, seguiu trabalhando e hoje acompanha a cada seis meses.
“Se estou viva, é porque fiz o diagnóstico. O medo não pode ser de fazer o exame, mas de descobrir tarde demais. Isso salva vidas.”
Saiba Mais
Mamografia pelo SUS
O Ministério da Saúde anunciou nesta semana mudanças e novidades na prevenção e tratamento de câncer de mama no País.
Entre as mudanças, estão as recomendações para realização de mamografias, que passam a valer a partir de outubro.
Como era
Até agora, o protocolo oficial do SUS orientava a mamografia para mulheres de 50 a 69 anos, a cada dois anos, mesmo sem sinais ou sintomas.
Como fica
O Governo federal anunciou que mulheres de 40 a 49 anos, mesmo sem apresentar sinais ou sintomas de câncer, poderão fazer os exames de mamografia.
A recomendação é que o exame seja feito sob demanda, em decisão com o profissional de saúde.
Nesse caso, a paciente deve ser orientada sobre os benefícios e desvantagens de fazer o rastreamento.
Outra medida é a ampliação da faixa etária para rastreamento ativo – quando a mamografia deve ser solicitada de forma preventiva a cada dois anos.
A idade limite, que até então era de 69 anos, passará a ser de até 74 anos.
Equipamentos
Entre as novidades, o governo também anunciou a aquisição de 60 kits de biópsia, com investimento de R$ 120 milhões.
Cada kit conta com uma mesa de biópsia estereotáxica em decúbito ventral e um equipamento de Raio-X especializado.
Medicamentos de ponta
A partir de outubro, o SUS vai oferecer novos medicamentos para o tratamento do câncer de mama.
Um deles é o trastuzumabe entansina, indicado para mulheres com câncer de mama que ainda apresentam sinais da doença mesmo após a primeira fase do tratamento com quimioterapia antes da cirurgia.
O outro grupo são os inibidores de ciclinas (abemaciclibe, palbociclibe e ribociclibe), recomendados para pacientes com câncer de mama avançado ou metastático, quando a doença já se espalhou.
Espírito Santo já tem recomendação
A Secretaria da Saúde (Sesa) informou que uma das principais medidas de saúde pública para a detecção precoce do câncer de mama é o rastreamento por mamografia.
No Espírito Santo, desde outubro de 2024, esse exame é recomendado para mulheres a partir dos 40 anos, devendo ser realizado a cada dois anos, mesmo na ausência de sinais ou sintomas da doença.
A ampliação da faixa etária no Estado para a partir dos 40 anos foi uma estratégia para garantir a integralidade do cuidado da saúde da mulher, oportunizando o diagnóstico precoce, conforme portaria.
Segundo a Secretaria, as mulheres têm acesso a esse exame começando pela Atenção Primária na Unidade Básica de Saúde (UBS), onde, durante a consulta, o médico da família ou enfermeiro solicita o procedimento.
Após a obtenção do resultado, caso necessário, a paciente é encaminhada para uma unidade de referência, onde receberá o tratamento adequado.
A Sesa explica ainda que, em caso de queixa ou lesão suspeita nos seios, a paciente pode procurar o serviço de saúde ainda que fora da faixa etária.
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