Sistema antirradar usado em motos na mira da polícia
Motociclistas estão utilizando mecanismos para esconder placa e fugir da fiscalização. Prática é crime e infração gravíssima
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O radar é uma das principais ferramentas para salvar vidas nas rodovias, reduzindo o risco de acidentes graves. No entanto, o trabalho de fiscalização fica comprometido quando não é possível identificar os infratores.
No Estado, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) divulgou que a nova “moda” entre motociclistas é um dispositivo que funciona como uma dobradiça, que faz a placa da moto dobrar quando acionado, evitando que o veículo seja identificado.
Segundo o policial rodoviário federal Rui Marcolan, existem vários sistemas antirradar, e geralmente são instalados no guidão, de maneira que os motociclistas o ativem manualmente para levantar e abaixar a placa do veículo.
“Normalmente, são mecanismos manuais e improvisados acoplados no próprio guidão da motocicleta. Quando ele observa um radar fixo, ele aciona o dispositivo. São usados botões tic tacs ou plugs. Basicamente, botões que são acionados e levantam a placa, e quando acionados novamente a placa abaixa. Podem ser utilizadas dobradiças para que o movimento ocorra, puxadas por um fio de nylon, entre outros”, explicou.
O principal é fazer com que a fiscalização não consiga registrar os números e letras de identificação do veículo.
“Quando esse cidadão sabe que não será identificado por meio da placa, o veículo dele acaba se tornando invisível, então ele tem carta branca para fazer o que quiser, trafegando sobre calçada, passando em alta velocidade nos radares, entre outras infrações”, explicou.
Além das motos, outros veículos também costumam usar esse sistema. “Esse artifício também é utilizado por veículos pesados, como caminhões, e principalmente por veículos estrangeiros que adentram o país para passar férias, por exemplo no Brasil. Como sabem que têm de pagar as multas antes de deixar o país, então eles utilizam essas placas para saírem ilesos diante das penalidades que seriam aplicadas caso tivessem uma placa aparente”, ressaltou.
Para Anthony Moraes Costa, especialista em Segurança Viária, o problema vai além da infração administrativa. “A prática vem atrelada à intenção de cometer ilícitos de trânsito, em especial manobras arriscadas e excesso de velocidade. É, portanto, uma conduta que coloca em risco não só quem as pratica, mas, em especial, pessoas inocentes que estão ao redor.”
Estratégias usadas para fugir do radar
1. Botão manual no guidão
Instalado de forma clandestina, esse botão, que pode ser do tipo tic tac ou plug and play, permite levantar ou abaixar a placa com um simples toque.
É usado para escapar de radares e evitar multas, prejudicando a fiscalização e a identificação de condutores infratores.
2. Dobradiça na parte superior da placa
Artifício mecânico ilegal que permite dobrar a placa para cima, escondendo totalmente os caracteres.
Apesar de simples, é uma fraude evidente contra a lei e pode resultar em apreensão do veículo e responsabilização criminal.
3. Fio de nylon ou cabo de aço
Método improvisado em que o condutor puxa um fio transparente ou cabo fino ligado à placa para incliná-la ou levantá-la.
É um truque barato, mas premeditado, para burlar radares e câmeras de monitoramento.
4. Sistema com mola
Variação da dobradiça que utiliza uma mola para retorno rápido da placa à posição correta, dificultando que a fiscalização perceba a adulteração.
É usado, inclusive, por veículos estrangeiros que entram no Brasil para evitar penalidades.
5. Suporte retrátil eletroeletrônico
Dispositivo mais sofisticado, composto por suporte metálico, motor elétrico e solenoide, que movimenta a placa para uma posição oculta. É acionado por botão no guidão e vendido de forma clandestina na internet.
6. Controle remoto sem fio
Versão avançada do suporte retrátil, que permite acionar o mecanismo a distância, com controle portátil.
Dificulta a detecção pela polícia e favorece a impunidade de condutores que cometem infrações graves.
7. Obstrução manual da placa
Método rudimentar e perigoso em que o motociclista cobre a placa com a própria mão ao passar por radares. Além de crime, aumenta o risco de perda de controle e acidentes.
O que diz a polícia
Equipamentos

A legislação proíbe o uso de equipamentos que interferem ou burlam os sistemas de fiscalização, como radares fixos e móveis.
Contradição
O uso de dispositivos antirradar contradiz os princípios de segurança no trânsito, tornando a fiscalização mais difícil e aumentando o risco de acidentes.
Leis de trânsito
Segundo o artigo 230 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB), o equipamento antirradar é um instrumento que burla as leis de trânsito.
O veículo que for flagrado pela polícia utilizando o dispositivo antirradar estará cometendo uma infração gravíssima, com perda de sete pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH), multa de R$ 293,47 e também a apreensão do veículo.
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