“Sentimos a mão de Deus o tempo todo”, diz capixaba, que voltou de Israel
José Andrade de Freitas Júnior contou que grupo que visitava Israel se reunia para orar todos os dias no hotel, antes de voltar ao Brasil
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Em um relato em que a fé se fez presente durante todo o tempo, o capixaba José Andrade de Freitas Júnior, 32, contou sobre a sua experiência em Israel. Ele mora em Teresópolis (RJ).
Ele, que é pastor auxiliar da Igreja da Lagoinha em Teresópolis, viajou com a sua esposa Mariana Carreiro Andrade, 30, e com os sogros em uma caravana comandada pelo pastor Felippe Valadão, da Igreja da Lagoinha, em Niterói.
Depois de uma viagem de cerca de 30 horas, eles chegaram ao aeroporto do Rio, na quarta-feira (10). De lá, foram para casa fazer o que mais queriam: abraçar as filhas Manuela, de 3 anos, e Maria Luiza, de 1 ano.
A Tribuna – Como foi a experiência em Israel, no meio de uma guerra?
José Andrade de Freitas Júnior – Chegamos no dia 28 de setembro, a Tel Aviv, e depois fomos para a região da Galileia.
Fizemos o passeio de barco, fomos nas montanhas de Golã, norte de Israel, quase na fronteira com Síria e Líbano, onde na quarta (11) soubemos que foi bombardeado.
No dia 5, chegamos a Jerusalém e, no dia 6, fomos em direção a Jericó. No outro dia, fomos orientados a acordar mais tarde e foi uma bênção, porque se a gente saísse cedo talvez poderíamos ter sido surpreendidos com o conflito na rua.
- Ainda não tinham bombas?
Só ouvíamos comentários que estava tendo um tipo de ataque de Gaza, mas era tudo muito vago. No restaurante, fomos orientados a ficar longe das janelas, por segurança. No meio do café da manhã, os judeus chegaram gritando e mandando a gente sair. Tinham mísseis sendo enviados para Jerusalém.
- O que aconteceu?
Ali foi a quebra da bolha, saímos correndo, era cadeira caindo, gritei para a minha esposa. Tinha cerca de 100 pessoas ali. Ficamos em um lugar rodeado de concreto. Não conseguimos chegar ao bunker, porque era muita gente. Ficamos na escada. Ali, uma pessoa, falando em espanhol, disse que Gaza tinha aberto fogo contra Israel.
- Nesse momento, o que passou pela sua cabeça?
A gente sempre orientou e fomos orientados a estar juntos porque isso acalmaria. No nosso meio, havia idosos, crianças, pessoas com emocional mais abalado e nós precisávamos dar suporte. Tentamos manter a calma, mesmo sabendo que algo poderia acontecer.
Começamos a receber vídeos que mostravam o Hamas invadindo cidades armado e matando.
Foram acalmando a gente e falando que os mísseis seriam interceptados, mas o maior medo era o hotel ser invadido pelo Hamas.
A todo momento, tocavam sirenes, era uma correria para as escadas. Uma das últimas vezes que isso aconteceu, chegou uma pessoa e falou: ‘bang, bang’, fazendo sinal de arma com a mão. Ali, todo mundo entrou em desespero, porque achou que o hotel estava sendo invadido por terroristas.
- Como descreve esse desespero? Choro, gritos, orações?
Era um pouco de tudo. Tínhamos um auditório no hotel onde todos os dias nos reuníamos para orar. Foi uma experiência que gerou uma valorização com relação à vida, vimos a mão do Senhor com a gente. Nós não estávamos ali crendo no Exército de Israel, não acreditando somente no Domo de Ferro (sistema de defesa de Israel). Sentimos a mão de Deus o tempo todo.
- Como foi a tentativa de voltar para casa?
Ainda no ônibus, na terça, um guia disse: ‘Vocês precisam sair daqui hoje, porque a partir de amanhã as coisas vão piorar muito’. Ontem (quarta), soubemos que as comidas estão acabando. Depois que o avião decolou, soubemos que Síria e Líbano atacaram Israel.
- Quando veio o alívio?
Mesmo após o avião decolar, ficava temeroso de ser atingido. Quando o avião saiu do território israelense, veio o alívio.
- Como foi chegar em casa?
Foi a melhor parte. Corremos para as nossas filhas. Podemos abraçar, chorar, beijar, cheirar e matar as saudades. O que vivemos ficará marcado em todos os livros de história e no livro de nossas vidas.
Você sabia?
No último dia do capixaba em Israel, na terça-feira, um míssil caiu a cerca de 10 quilômetros de um hotel em Jerusalém.
“A gente viu a fumaça”, contou o capixaba José Andrade de Freitas Júnior, que é pastor e chegou na última quarta-feira ao Brasil, em um voo comercial.
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