“Segredo da felicidade é viver em casas separadas”, diz casal
Nenza e Raul, que vivem a 500 metros um do outro, contam que essa dinâmica funciona muito bem para o casamento deles
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Morar junto pode não ser regra para a vida a dois. Glicéria Castelo, de 78 anos, e Izídio Ferreira da Cunha, de 68, são a prova disso.
Juntos há 20 anos, os dois acreditam que morar em casas separadas é uma dinâmica muito positiva para seu relacionamento.
Desde 2003, Glicéria, também conhecida como Nenza, mora em uma residência no bairro Campo Grande, em Cariacica, enquanto seu marido, que é conhecido como Raul, vive em uma casa no bairro vizinho, Vila Capixaba, ficando a 500 metros de distância um do outro.
“A gente é assim desde o começo. Acho que é ótimo, dá muito certo para nós. Eu tenho a impressão que morando separados parece que estamos sempre namorando. Nós vivemos bem, não brigamos”, afirmou Nenza.
O casal contou sobre como é a rotina diária. Raul caminha todos os dias pela manhã e passa pela casa de Nenza para cumprimentá-la. Posteriormente, volta para sua casa para trabalhar. Ele é aposentado, mas trabalha com a compra e a revenda de confecções ao longo do dia.
Pela noite, vai até a casa da esposa para conversar, assistir a novelas e a jogos de futebol, além de jantar, e depois retorna para sua residência.
“Nos finais de semana, durmo na casa de Nenza de sábado para domingo. E a gente sempre costuma sair nesses dias”, comentou Raul.
Os dois aproveitam a vida de casados com clima de namoro e gostam de sair para barzinhos, festas e também viajar.
“Amamos tomar uma cerveja no domingo, colocar um sonzinho. É muito bom”, Nenza completou.
É válido ressaltar que, por mais que não morem juntos, os dois vivem com outras pessoas. Nenza tem a companhia de seu irmão de 75 anos e também de seu filho adotivo, de 25. Enquanto Raul mora com sua irmã de 73 anos.
Positividade
A psicóloga Marcelle Paganini comentou sobre os benefícios de um casal viver em casas separadas.
“O principal benefício relatado por pacientes que adotaram esse estilo de vivência é o exercício da individualidade na rotina do dia a dia. São pessoas que valorizam ter o próprio espaço sem abrir mão do outro. Inclusive, é ponto decisivo para relacionamentos mais saudáveis”, afirmou a profissional.
Nenza e Raul
“Sinto que estamos namorando”
Nenza e Raul são um casal há 20 anos e, durante todo esse tempo, sempre moraram em casas separadas. Para conhecer melhor a dinâmica do relacionamento dos dois, A Tribuna os entrevistou.
A tribuna – Como vocês se conheceram?
Nenza – A gente se conheceu em uma festa e depois nós mantivemos contato até começarmos a namorar.
Vocês são casados?
Nenza: Sim, a gente se casou no civil. Demos entrada na papelada em 2019.
Vocês se veem todos os dias?
Raul: Sim! De manhã eu saio para caminhar e passo na casa dela para dar um “oi”, e de noite eu a visito, e também janto lá. Todos os dias. Quando é final de semana, sempre costumamos sair e durmo no sábado na casa de Nenza.
Você também visita a casa de Raul, Nenza?
Nenza: É bem difícil eu visitar a casa dele. Raul que vem para cá. Eu costumo ir lá só quando é aniversário da irmã dele, que mora com ele.
Quais são os benefícios de morar separados?
Nenza: A gente vive bem porque ele vem, a gente se vê, ele vai embora. Não tem briga. É muito bom. Parece que estamos sempre namorando. Para nós foi a melhor coisa.
Raul: Concordo com tudo o que Nenza disse. É exatamente isso.
Tem algum lado negativo de morar em casas separadas?
Nenza: Para mim, não tem nada negativo.
Raul: A única coisa que eu acho ruim é ter que caminhar. De onde eu moro, preciso acordar mais cedo para caminhar. Quando durmo na casa de Nenza, posso acordar mais tarde.
Morar em casas separadas pode ser mais caro?
Raul: Não percebo isso. Eu divido as contas com minha irmã.
Nenza: Eu também não vejo isso. Cuido da casa, e tem contas que divido com meu irmão.
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