Secretaria da Educação apura denúncia contra professor por assédio sexual
Acusado de assediar alunas e funcionárias de escola estadual, o professor continua dando aulas enquanto é investigado
Um professor de Física, de 50 anos, que atua na rede estadual de ensino, está sendo investigado por acusações de assédio sexual, que teria cometido contra alunas e funcionárias de uma escola de um bairro de Cariacica.
O futuro do servidor será decidido nos próximos dias, durante audiência, dentro de um processo administrativo aberto pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu).
Além das vítimas que atuam e que estudam na escola, o suspeito, que não terá o nome revelado para não expor as mulheres, também é acusado de ameaçar as filhas de um professor federal de 49 anos e de assediar a mulher dele, uma dona de casa de 45 anos.
O professor federal, que pediu para não ter a identidade revelada, contou que, após as ameaças, registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil. Ele relatou que começou a investigar a vida do acusado e ficou surpreso com as suas descobertas.
“Comecei a conversar com outros professores e descobri que ele era conhecido por assédios que cometia contra alunas e funcionárias. Em uma escola, inclusive, ele tentou estuprar uma aluna”, contou o marido de uma das vítimas.
Sobre a ocorrência envolver sua mulher, ele disse que ela chegou a receber mensagens de cunho pornográfico, em um aplicativo de conversas.
“Mais uma vez, registramos uma ocorrência na polícia e conseguimos chegar até a ex-mulher dele, que nos contou, inclusive, que seu ex-marido era uma pessoa ruim”, afirmou.
Acusações
Além das acusações, o professor de Física possui vários registros na polícia, entre eles, de ameaça, calúnia e crimes relacionados à Lei Maria da Penha, de violência doméstica. A própria ex-mulher dele já tem medida protetiva contra o ex-marido por agressões e descumprimento da restrição.
Em nota, a Polícia Civil disse que o caso denunciado pelo professor federal, marido da dona de casa assediada, segue sob investigação da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) de Vitória.
Já a Sedu informou, por nota, que apura as denúncias e que o professor vai passar, nos próximos dias por uma audiência. Enquanto isso, ele continua dando aula na escola onde é acusado de ter cometido os crimes.
A reportagem tentou contato com a ex-mulher do suspeito, mas ela não retornou às ligações.
O acusado foi procurado pela reportagem de A Tribuna, mas não atendeu as ligações.
Ameaças enviadas para e-mail de uma das vítimas
Além das mulheres, o marido de uma das vítimas de assédio também chegou a ser importunado pelo professor de Física. Na ocasião, ele recebeu mensagens de ameaças contra suas filhas, duas adolescentes, que não tiveram as idades reveladas.
“Não sei como, mas ele conseguiu o meu e-mail e começou a me enviar mensagens, em abril deste ano. Eram mensagens em que dizia que abusaria das minhas filhas e que as mataria”, conta o também professor federal, de 49 anos, e que pediu para não ser identificado.
O professor disse que, após as primeiras ameaças, o acusado conseguiu o número de telefone da mulher dele e também mandou várias mensagens ameaçadoras, além de fotos das partes íntimas.
Uma outra ameaça veio através desse e-mail. Apesar de ter sido enviado por um remetente diferente, a vítima acredita que seja da mesma pessoa.
A desconfiança ocorre em função do teor do texto. Nele, a pessoa incita a mulher do professor a matar o marido e a ex-mulher do assediador. Informa, inclusive, o trajeto que a mulher fazia.
Em todas as situações, o professor e sua mulher registraram uma ocorrência em delegacia.
Agora, o casal espera que seja feita justiça e que o professor seja impedido de dar aulas.
“Eu fico pensando no pai que manda o filho para a escola e acontece esse tipo de coisa. Espero que ele pague pelo que fez”, disse o professor.
DEPOIMENTO - "O histórico de assédio dele é bem grande"
“Quando eu e minha esposa recebemos os e-mails, eu fui ligando para outros professores e perguntando sobre essa pessoa.
Foi aí que eu descobri que o histórico de assédio sexual dele é bem grande. A própria ex-mulher dele foi ameaçada de morte por ele.
As pessoas me contaram que houve até tentativa de estupro, cometida por ele em uma escola onde trabalha em Vitória. Eu só não sei se a vítima registrou ocorrência na época.
O que sei, porque eu investiguei sobre a vida dele, é que já respondeu a outros processos administravos por conta dessas situações.
O que eu e minha esposa gostaríamos é que os órgãos competentes tomassem uma atitude. Que não esperassem ele fazer o mesmo que fez com minha mulher e com outras vítimas. É uma vergonha saber que uma pessoa como ele ainda está lecionando.”
(Marido de vítima)
Comentários