“Santuário” na Serra já tem 500 jacarés
Animais estão em uma região formada por sete lagoas na empresa ArcelorMittal Tubarão, onde são protegidos e podem se reproduzir
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O resgate do jacaré-de-papo-amarelo fêmea que ganhou o nome de Marina Silva chamou a atenção dos capixabas, na segunda-feira. Ela, contudo, não é a única que existe no Estado. Atualmente, cerca de 500 animais da mesma espécie estão distribuídos em sete lagoas, dentro da ArcelorMittal Tubarão, na Serra, formando um “santuário” onde eles vivem e se reproduzem.
Ao todo, são quase mil jacarés-de-papo-amarelo registrados no Estado. Segundo o Projeto Caiman, responsável pelo resgate e pela reabilitação dos animais, a média é de 70 resgates por ano, desde 2014.
Biólogo do Projeto Caiman, Fernando Paulino diz que os 500 animais que vivem no “santuário” estão saudáveis e se reproduzindo.
“São jacarés de diversos tamanhos e isso é importante para a manutenção de uma população. Então tem bicho de dois metros e meio, de um metro, de 25 cm, entre outros tamanhos. Além de ser supersaudável, é uma população que vem crescendo”.
Fernando explica que, em um cenário nacional, o jacaré-de-papo-amarelo é uma espécie que está segura. Contudo, observando o panorama no Espírito Santo, ele está em extinção. “Temos dois pontos muito importantes que levam a este cenário.
“Primeiro é a degradação do meio ambiente, por meio da poluição, e em segundo – e que acredito ser o mais importante – é a caça, que é muito cruel”.
O Projeto Caiman surgiu em 2014 e atua na educação ambiental e formação de jovens pesquisadores, a exemplo do estagiário de veterinária, Igor Gaidargi.
“Nosso maior desafio é proteger a espécie, que ajuda a controlar populações, como a de ratos, de caramujos africanos e de mosquitos, evitando várias doenças como a esquistossomose”, diz Fernando.
Serra
Segundo o biólogo, o município da Serra é onde são encontrados mais jacarés-de-papo-amarelo no Espírito Santo. Contudo, não há uma estimativa de quantos jacarés da espécie existem.
Fernando afirma que o Projeto Caiman realiza um trabalho de educação ambiental e já notou resultados na Serra.
“Antes as pessoas ligavam desesperadas pedindo para tirar o jacaré de qualquer jeito. Hoje elas ligam com mais calma. No caso de jacarés menores, às vezes o bicho já está contido dentro de uma caixa. Isso já é uma mudança.”
Saiba mais
O projeto
O Projeto Caiman faz parte do Instituto Marcos Daniel (IMD), uma Organização Não-Governamental (ONG) que atua em outras frentes, como aves ameaçadas de extinção, tartarugas marinhas, entre outras.
Criado em 2014, o projeto atua com resgate, reabilitação, educação ambiental e formação de jovens pesquisadores. De 2018 para cá, o projeto já atendeu um milhão de pessoas indiretamente.
Ao todo, são 10 profissionais atuando no projeto, sendo dois veterinários, três biólogos e cinco estagiários.
Segundo o Projeto Caiman, a média é de 70 resgates por ano, desde 2014. A maioria dos resgates acontece entre outubro e o final de março, que é o período reprodutivo dos animais e também a época quando ocorrem mais chuvas e o calor aumenta.
O contato para resgate pode ser feito pelo Ciodes via 190, pelo Instagram @projetocaiman, ou pelo número (27) 99902-2969.
O “Santuário”
Cerca de 500 jacarés-de-papo-amarelo estão distribuídos em sete lagoas, dentro da ArcelorMittal Tubarão, na Serra.
No total, existem quase mil jacarés da espécie registrados no Estado.
A espécie
O nome científico do jacaré-de-papo-amarelo é Caiman lastirostris. O gênero é Caiman e lastirostris vem do latim, significando “nariz largo”.
Cerca de 70% dos jacarés-de-papo-amarelo vivem no Brasil, em rios, mangues, pântanos e lagoas, além de regiões como a Mata Atlântica, a Caatinga, o Cerrado e os Pampas. Sua distribuição pela América do Sul também ocorre em países como Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.
A expectativa de vida de um jacaré-de-papo-amarelo é, em média, de 80 anos.
A alimentação desses animais varia com o tamanho deles. Após seu nascimento, ele come insetos, por exemplo. À medida que vai crescendo, vai pegando presas maiores, como ratos, caramujos e peixes.
No panorama geral do Brasil, a espécie não corre perigo, mas no Estado está ameaçada de extinção por conta da caça e da poluição.
No Estado, nunca ocorreram ataques de animais dessa espécie contra seres humanos.
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